Europa faz reunião emergencial para não ficar de fora de negociações de paz na Ucrânia
Líderes europeus se encontram em Paris, enquanto enviados de Trump se reúnem com autoridades russas na Arábia Saudita para conversas

Líderes europeus se reúnem em Paris, na França, nesta segunda-feira, 17, para uma cúpula de emergência sobre a Ucrânia, após o anúncio de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, sobre a abertura de negociações unilaterais com a Rússia para encerrar a guerra.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou que a reunião em Paris é um momento “único em uma geração” para a segurança nacional, em meio à preocupação dos europeus em possivelmente serem excluídos das tratativas que afetam diretamente o continente.
Além de Starmer, os líderes da Alemanha, Itália, Polônia, Espanha, Holanda e Dinamarca, bem como o presidente do Conselho Europeu, a presidente da Comissão Europeia e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), participarão do que o anfitrião, o presidente francês, Emmanuel Macron, qualificou como uma “reunião informal”.
Nos últimos dias, Trump e os principais funcionários de seu governo derrubaram o que havia sido uma espécie de frente unida em apoio à Ucrânia entre Washington e seus aliados europeus da Otan. A postura do presidente americano em relação ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, em paralelo aos comentários de seu gabinete sobre a Ucrânia e a Otan, confirmaram as suspeitas de alguns de que Washington trabalha por um processo diplomático rápido para encerrar a guerra, que daria uma série de concessões importantes à Rússia.
O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e seu conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, viajam para a Arábia Saudita – também nesta segunda-feira – para negociações preliminares sobre a Ucrânia, que devem começar na terça. Sergei Lavrov, ministro da Defesa russo, e Yuri Ushakov, conselheiro de política externa do Kremlin, foram despachados a Riade por Putin. Uma autoridade saudita disse à emissora americana CNN que o reino seria mediador das conversas.
Os ucranianos adiantaram que não estariam presentes nas negociações, embora Keith Kellogg, o diplomata americano encarregado por Trump da questão Rússia-Ucrânia, tenha discutido um conjunto de negociações de “dupla via” e estará em Kiev esta semana.
No domingo, o chefe da Casa Branca disse que os ucranianos fariam parte das negociações. O presidente do país, Volodymyr Zelensky, por sua vez, garantiu que “nunca aceitaria nenhuma decisão entre os Estados Unidos e a Rússia sobre a Ucrânia”.
Depois do longo telefonema entre Trump e Putin na semana passada, após o qual o americano anunciou que as negociações para encerrar a guerra na Ucrânia começariam “imediatamente”, Kellogg atestou que a Europa não teria um assento à mesa.
Enquanto isso, Rubio enquadrou as negociações com a Rússia como os primeiros passos de um processo para determinar se Putin leva a sério o fim da guerra. O secretário da Defesa indicou que tanto a Ucrânia quanto a Europa estariam envolvidas nas negociações.
No domingo, Macron afirmou que discutiu o conflito no Leste Europeu durante uma ligação telefônica com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, e enfatizou que a Europa deve estar no centro das negociações sobre a Ucrânia.