O ex-CEO da rede de roupas americana Abercrombie & Fitch, Mike Jeffries, foi preso nesta terça-feira, 22, por acusações de tráfico sexual nos anos de 2009 a 2015. O seu parceiro, Matthew Smith, e mais um homem, Jim Jacobson, também foram detidos. A investigação foi conduzida por promotores federais e pelo FBI, e apontou que os três teriam liderado um esquema internacional de exploração sexual de homens jovens em festas.
A Constituição dos EUA entende como parte de tráfico sexual levar adultos para outros estados ou país para forçá-lo a ter relações sexuais por dinheiro, utilizando-se de também de métodos como fraude ou coerção. Segundo a promotoria, Jeffries explorava homens jovens em eventos nos seus imóveis em Nova York e em hotéis em Londres, Paris, Veneza e Marrakesh.
O processo foi aberto em janeiro de 2024, poucos meses após a emissora britânica BBC denunciar o caso. A reportagem, que colheu informações por dois anos, teve acesso a 12 homens que participaram ou organizaram festas sexuais para Jeffries e Smith, entre 2009 e 2015. Desse número, 8 deles foram recrutados por um intermediário, identificado como Jim Jacobson pela BBC. O três alegam inocência.
A investigação judicial descobriu, então, que Jacobson viajou pelos Estados Unidos e para outros países com o objetivo de recrutar jovens para os eventos. Como forma de “teste”, ele teria obrigado que os candidatos fizessem sexo com ele primeiro, segundo a promotoria. As vítimas também teriam sido convencidas que não participar dos atos sexuais prejudicaria suas carreiras.
Conhecido por escândalos, incluindo queixas de discriminação corporal, Jeffries deixou o cargo na Abercrombie & Fitch em 2014 ao aposentar-se, depois de reclamações do conselho de diretores da marca pela queda nas vendas. Na época, ele afirmou em declaração que era “o momento certo para uma nova liderança levar a empresa adiante na próxima fase de seu desenvolvimento”. O ex-CEO recebeu US$ 25 milhões ao sair do posto.
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O que diz a acusação
Parte do grupo disse à BBC que não havia sido informada sobre a natureza dos encontros, mas todos foram pagos e informados de que a participação poderia levar a futuros trabalhos como modelos para A&F. Os relatos foram apoiados por documentos, como e-mails e passagens aéreas, e por entrevistas com outras “dezenas” de fontes, incluindo antigos funcionários da casa de Jeffries, de acordo com a emissora.
Com a abertura da ação judicial, alguns homens se apresentaram como vítimas de abuso sexual e também alegaram que haviam sido injetados com drogas. Em comunicado, o advogado de acusação e autor do caso, Brad Edwards, afirmou à emissora americana ABC News que tratava-se de “uma organização de tráfico sexual administrada pela Abercrombie que permeou toda a empresa e permitiu que os três indivíduos presos hoje vitimassem dezenas e dezenas de jovens aspirantes a modelos masculinos.”
Além disso, a acusação alega que o conluio envolvia uma rede de funcionários, contratados e seguranças, para “garantir que seus negócios internacionais de tráfico sexual e prostituição fossem mantidos em segredo” e que 15 homens foram pagos por Jeffries, Smith e Jacobson em eventos ao redor do mundo. As identidades da vítimas não foram divulgadas, sendo identificadas nos documentos como John Does #1-15.