Paul Manafort, ex-chefe de campanha de Donald Trump, foi condenado a três anos e sete meses de prisão pelo Tribunal Distrital Federal de Washington D.C. nesta quarta-feira, 13. Ele respondia a duas acusações de conspiração que envolvem crimes como a lavagem de dinheiro, obstrução à Justiça e ilegalidade na prática de lobby na Ucrânia. O lobista já havia sido sentenciado a outros 47 meses de prisão na semana passada.
A juíza Amy Berman Jackson constatou que o colaborador de Trump não informou ao governo dos Estados Unidos seus negócios com políticos ucranianos, que lhe renderam dezenas de milhões de dólares.
Manafort já havia sido considerado culpado pelos crimes financeiros e de conspiração, mas as sentenças só foram determinadas agora. No total, ele deverá cumprir sete anos e meio de prisão.
“É difícil exagerar o número de mentiras e a quantidade de fraudes e dinheiro envolvidos”, afirmou Jackson sobre o caso de Manafort. “Uma parcela significativa de sua carreira foi gasta manipulando o sistema”, completou a juíza.
O caso Manafort é o principal resultado da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016, que pode alcançar o presidente americano.
O lobista foi sentenciado no último dia 7 por um tribunal da Virgínia a 47 meses de prisão, uma pena claramente inferior à recomendada pelo departamento de Justiça, que tinha pedido de dezenove a 24 anos para ele. Em agosto do ano passado, já tinha sido condenado por um júri da Virgínia em um processo que correu em Alexandria, cidade deste estado do leste americano.
Dono de gostos extravagantes que foram revelados no julgamento – gastou 15.000 dólares por uma jaqueta de couro de avestruz -, Manafort perdeu um pouco de seu esplendor desde a sua prisão.
Em uma das audiências, ele apareceu em uma cadeira de rodas vestindo macacão de presidiário. Seus advogados explicaram que ele sofre de gota e que está atormentado por “remorso”, então eles pediram clemência no processo.
Em uma dura mensagem, o gabinete do procurador Mueller enfatizou a seriedade dos crimes cometidos por Manafort e o fato de ele repetida e deliberadamente ter violado a lei. Mueller pediu uma sentença exemplar para o réu.
Durante a investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016, Mueller se interessou pelo papel de Manafort, que liderou a campanha Trump por dois meses e tinha ligações com oligarcas ucranianos que atuavam em Moscou.
O ex-chefe do FBI descobriu provas de fraudes financeiras anteriores a 2016, entre elas a omissão de mais de 55 milhões de dólares distribuídos em mais de trinta contas no exterior à Receita.
Mueller também demostrou que Manafort escondeu suas atividades de consultoria para o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukóvich, apoiado por Moscou, o que constitui uma infração às legislações americanas.
Manafort aceitou declarar-se culpado e cooperar com Mueller na esperança de obter uma redução de pena. Mas, segundo a Justiça, ele não cumpriu com o prometido e continuou mentindo aos investigadores, em especial sobre seus vínculos com um antigo sócio chamado Konstantin Kilimnik, que, segundo os Estados Unidos, é suspeito de estar vinculado aos serviços de inteligência russos.