Karen McDougal conseguiu nesta quarta-feira (18) anular o acordo de confidencialidade sobre seu suposto relacionamento com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A ex-modelo da Playboy tinha um contrato com a America Media Inc. (AMI), dona do tabloide National Enquirer. A empresa pagou 150.000 pelos direitos a sua história e o suposto caso com Trump.
McDougal entrou com uma ação em março para invalidar o acordo. Na decisão do processo está a alegação de que o advogado de Donald Trump, Michael Cohen, estava envolvido secretamente nas discussões entre ela e os executivos da AMI.
A decisão judicial foi anunciada após um acordo entre as duas partes. A ex-modelo pode agora manter os 150.000 que recebeu e tem restituídos os direitos sobre a história. Já a AMI tem direito a lucros de até 75.000 sobre a mesma história, além de manter os direitos sobre as fotografias da ex-modelo.
A AMI argumentou que McDougal tinha permissão para falar sobre o suposto relacionamento desde 2016 e o contrato apenas dava à empresa a decisão de publicar ou não o caso.
Em entrevista concedida à CNN, ela afirmou que Trump tentou pagá-la após o primeiro encontro íntimo dos dois no Hotel Beverly Hills, em 2006. A ex-modelo disse que continuou o relacionamento com o presidente por cerca de 10 meses e terminou a relação em abril de 2007, porque se sentia culpada.
O presidente da AMI é David Pecker, amigo de Donald Trump e fervoroso partidário do presidente.
A Casa Branca afirma que Trump nega o caso com a ex-modelo. O presidente se casou com a atual mulher, Melania Trump, em 2005, e seu filho Barron nasceu em 2006.
Karen comemorou o resultado do processo. “Meu objetivo desde o começo era restaurar meus direitos e não obter nenhum ganho financeiro, e esse acordo fez exatamente isso.” Ela acrescentou que está aliviada e ansiosa para voltar à vida privada.
A modelo, que foi a Playmate do ano de 1998 da revista Playboy, é a segunda mulher que desafia os esforços de aliados de Trump, desde as eleições presidenciais, em manter segredo sobre seus supostos casos extraconjugais.
A atriz de filmes pornô Stormy Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, processou o presidente no dia 6 de março, dizendo que Trump nunca assinou um acordo para que ela ficasse em silêncio sobre um caso “íntimo” entre eles. Daniels recebeu 130.000 dólares pelo acordo.
A decisão da AMI de chegar a um acordo, aparentemente muito favorável a McDougal, acontece uma semana depois de o FBI revistar os escritórios e a residência de Michael Cohen, o advogado pessoal de Trump e a pessoa que estaria por trás da negociação para silenciar a modelo.
Na operação, segundo fontes da investigação mencionadas pela imprensa americana, os agentes procuravam documentação sobre os pagamentos para comprar o silêncio dessas duas mulheres. Esses pagamentos estão sob suspeita, pois, como tinham o objetivo de favorecer a imagem de Trump como candidato, podem ser considerados doações ilegais para a campanha.
(Com Estadão Conteúdo)