O tribunal de Hamburgo, na Alemanha, condenou um ex-nazista de 93 anos por cumplicidade em 5.232 assassinatos e tentativas de assassinato entre 1944 e 1945. O réu, Bruno Dey, que tinha 17 anos na época dos eventos, serviu como guarda no campo de concentração de Stutthof, na Polônia.
A presidente do tribunal, Anne Meier-Göring, sentenciou Dey a dois anos de prisão, mas devido à sua atual idade avançada, o alemão teve o cumprimento da pena suspenso e não ficará preso. Como era menor de idade quando cometeu os crimes, ele foi julgado por um tribunal juvenil.
Nos últimos anos, a Alemanha tem julgado e condenado vários antigos membros da Schutzstaffel, a organização paramilitar ligada ao Partido Nazista também conhecida como SS. O julgamento de Dey foi anunciado como o último sobre crimes cometidos pelo Terceiro Reich, mas na semana passada um outro guarda de Stutthof, de 95 anos, foi acusado pelos procuradores. Outros dez casos ainda são investigados.
O julgamento começou em outubro de 2019 e devido à idade, Dey foi ouvido duas vezes por semana, em sessões de duas horas cada. Na declaração final perante o tribunal, o antigo guarda pediu desculpas pelo “papel que desempenhou na máquina de destruição nazi”, acrescentando que “jamais se deve repetir”.
“Hoje, quero pedir perdão a todos os que foram submetidos a insanidades infernais”, disse. Dey forneceu informações ao tribunal, afirmando que por não ter capacidade de combate no Exército em 1944 foi destacado como guarda SS, o esquadrão de proteção, no campo perto de Danzing, atual cidade polaca de Gdansk.
O caso do idoso de 93 anos aplica a lei aos antigos guardas dos campos de concentração que não tinham como objetivo o “extermínio” dos prisioneiros. Os procuradores afirmaram que enquanto guarda de Stuttoh, entre agosto de 1944 e abril de 1945, Dey “não era um fanático nazi” tendo colaborado como “uma pequena peça na engrenagem dos crimes”.
Criado em 1939, Stutthof foi o primeiro campo de concentração nazista construído fora da Alemanha. Inicialmente destinado a presos políticos poloneses, acabou recebendo cerca de 115.000 deportados, muitos deles judeus. Aproximadamente 65.000 pessoas foram mortas no local.
(Com AFP)