Exército americano destruiu equipamentos militares ao deixar Afeganistão
Sistema de defesa antimísseis, aviões e blindados foram deixados para trás, mas desativados; Talibã comemorou saída dos EUA com tiros para o alto

O Exército dos Estados Unidos destruiu aviões, blindados, munições e o sistema de defesa antimísseis antes de deixar o aeroporto de Cabul, capital do Afeganistão. Os americanos encerraram sua participação no conflito mais longo de sua história nesta segunda-feira 30, após evacuarem todos os militares que participaram da ocupação no país.
De acordo com o general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, órgão responsável pelas operações militares do país no Oriente Médio, foram “inabilitados” 73 aviões. “Esses aparelhos não voltarão a voar, não poderão ser usados”, afirmou.
Também foram destruídos 70 veículos blindados resistentes a minas terrestres e 27 Humvees, outro tipo de veículo utilitário militar. Os americanos ainda inabilitaram ou recolheram todo tipo de armamento e munição, além do sistema de defesa antimísseis, que interceptou cinco foguetes disparados pelo Estado Islâmico contra o aeroporto na segunda. “Decidimos deixar esses sistemas funcionando até o último minuto”, pouco antes da decolagem do último avião, indicou McKenzie.
As tropas dos Estados Unidos, que deveriam concluir a retirada nesta terça-feira, 31, se anteciparam e partiram no último avião às 23h59 locais (16h29 de Brasília) de segunda. A operação de evacuação resgatou 122.000 pessoas desde o último dia 14 de agosto, véspera da tomada da capital afegã pelo Talibã.

O último soldado americano a deixar o país foi o major-general Christopher Donahue, segundo o Departamento de Defesa americana. A foto do militar embarcando no avião militar se tornou um símbolo do fim da ocupação.
Assim que a última aeronave americana decolou, os talibãs tomaram o aeroporto de Cabul e comemoraram com tiros para o alto o que chamara de “completa independência” do Afeganistão. “Quero felicitar a todos e a nossa nação por esta independência. Esperamos que o Afeganistão nunca volte a ser ocupado e siga sendo independente, próspero e o lar de todos os afegãos sob um sistema islâmico”, afirmou o porta-voz do grupo.
O próximo passo do Talibã é anunciar um novo governo islâmico, depois de duas semanas de negociações com representantes de diversas etnias e aldeias do país. “Prometemos construir um sistema que representará os valores afegãos e islâmicos”, disse o porta-voz, que afirmou que a tomada de poder pelo grupo é um direito.

O governo dos talibãs terá um futuro incerto com a comunidade internacional, que não firmou uma posição clara sobre o reconhecimento do regime, enquanto aguarda a comprovação de que os direitos humanos serão respeitados no Afeganistão.