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Exército birmanês confessa participação na morte de dez rohingyas

Pelo Facebook, oficial do exército admite o massacre e a existência de uma vala comum onde os corpos foram encontrados

Por Da redação
10 jan 2018, 18h29

O exercito de Mianmar participou da morte de dez rohingyas encontrados em uma vala comum em Rakhine, estado no noroeste do país e de onde mais de 650.000 membros dessa minoria majoritariamente muçulmana partiram rumo a Bangladesh para fugir da violência, anunciaram nesta quarta-feira fontes oficiais.

Soldados e moradores budistas mataram os dez rohingyas porque acreditavam que eles pertenceriam ao grupo rebelde Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA), segundo o comunicado divulgado pela comissão militar que investigou a vala comum.

A comissão indicou que os soldados e civis implicados nos crimes confessaram e que serão julgados de acordo com a lei.

Em post no Facebook, um oficial contou que membros das forças de segurança admitiram ter matado dez “terroristas bengaleses”, utilizando o termo para se referir aos rohingyas, além de confirmar pela primeira vez a existência de uma vala comum de rohingya em Rakhine.

As mortes ocorreram em 2 de setembro do ano passado na aldeia Inn Din, situada 50 quilômetros ao norte de Sittwe, capital do estado, e onde foram denunciadas as mortes de civis nas operações militares contra insurgentes.

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Semanas antes, em 25 de agosto, centenas de militantes do ARSA atacaram 30 postos militares e policiais de Rakhine e a resposta do exército birmanês desencadeou uma onda de violência — cerca de 650.000 rohingyas cruzaram a fronteira em busca de refúgio em Bangladesh nas semanas e meses seguintes.

A Unicef expressou nesta terça-feira em Genebra sua inquietação pelo paradeiro de milhares de crianças rohingyas em Rakhine e denunciou a falta de acesso à região, onde não há distribuição de água nem de comida e nenhum centro sanitário em funcionamento.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein, um dos maiores críticos de Mianmar neste assunto, chegou a dizer que a atuação do exército em Rakhine contra os rohingyas poderia ser uma limpeza étnica

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Zeid Ra’ad al Hussein não descartou que um tribunal internacional considere no futuro os atos contra estas pessoas como genocídio.

Mianmar não considera os rohingyas como uma de suas etnias nacionais, considerando-os “imigrantes ilegais de Bangladesh” trazidos como trabalhadores no século 19 pelos britânicos durante o período colonial — alegação refutada em grande parte por historiadores e arqueólogos, que argumentam que os rohingyas estão estabelecidos há séculos na região de fronteira dos dois países. Por conta da distinção legal, Mianmar trata os membros da etnia –mesmo aqueles nascidos de famílias estabelecidas e nascidas em Mianmar há diversas gerações– como ilegais, impondo a eles numerosas restrições, inclusive na liberdade de deslocamento e de casamento. Bangladesh considera os refugiados como cidadãos de Mianmar.

(Com EFE e AFP)

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