A violência voltou às ruas do Chile antes do início do tradicional festival internacional da cidade de Viña del Mar, no domingo (23). Apos o ocorrido, autoridades afirmaram temer a radicalização dos protestos marcados para o próximo mês de março.
O evento, que tem duração de seis dias, foi inaugurado pelo cantor porto-riquenho Ricky Martin, que expressou apoio aos protestos sociais no país. “Eu estou contigo Chile, nunca calados, sempre com amor e paz”, afirmou o cantor de 48 anos.
Convocados pelas redes sociais, milhares de manifestantes se reuniram nas proximidades do festejo, no Anfiteatro Quinta Vergara, e protagonizaram confrontos violentos com a a polícia que fazia a segurança na entrada dos participantes no evento.
Um hotel tradicional da cidade foi atacado e os hóspedes — incluindo vários participantes do festival — foram retirados. Ao menos trinta estabelecimentos comerciais sofreram ataques e foram saqueados por manifestantes. Carros foram incendiados. A principal reivindicação era a suspensão do festival, em apoio aos protestos.
“Vocês foram testemunhas da violência destas pessoas que não buscam outra cousa além do confronto com a polícia. Tinham o objetivo claro de que o Festival da Viña não acontecesse”, disse o general Hugo Zenteno, comandante da polícia local.
Considerado o evento de música popular mais importante da região, o festival deve ter nesta segunda-feira, 24, novos momentos de tensão. A atração da noite é a cantora chilena Mon Laferte, que apoia os protestos sociais e que é alvo de pedidos de boicote por grupos de extrema-direita. As autoridades anunciaram que as medidas de segurança serão redobradas nos próximos dias.
O governo do presidente Sebastian Piñera teme uma nova radicalização dos protestos a partir de março, quando terminam as férias de verão e grande parte das atividades são retomadas. Nas redes sociais já circula um calendário completo de protestos convocados para o mesmo mês.
Após um acordo com o Congresso, o governo Piñera promoveu um referendo para consultar os chilenos sobre se querem ou não reformar a Constituição, que permanece como uma herança da ditadura de Pinochet. A consulta acontecerá em 26 de abril.
Manifestações começaram em 2019
O estopim dos protestos chilenos veio com o aumento no preço da passagem do metrô de Santiago, em outubro do ano passado. As ruas da capital foram tomadas por atos que, em questão de horas, se espalharam para outras cidades e desembocaram em anarquia generalizada.
Os protestos levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas ao longo de 2019. Na época, 230 pessoas perderam a visão parcial ou completamente após serem alvejadas por forças policiais do país.
(com AFP)