Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês

APURAÇÃO DAS ELEIÇÕES 2024

Continua após publicidade

FHC: ‘Há risco de o Brasil marchar para o autoritarismo’

Ex-presidente diz ser preciso liderança que 'saiba governar' e defende agenda de 'economia social de mercado' para a redução da desigualdade e da dívida

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 28 Maio 2020, 15h20 - Publicado em 28 Maio 2020, 13h49

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quinta-feira, 28, haver risco de uma marcha para o autoritarismo no Brasil e defendeu a adoção de uma “economia social de mercado”, na qual o Estado atue firmemente no combate à desigualdade social e na redução do endividamento público. Em uma crítica velada à administração de Jair Bolsonaro, declarou ser preciso uma liderança que traga esperança, que “saiba governar” e que tenha projetos para a fase pós-pandemia de coronavírus.

“A democracia sempre corre risco, é preciso cuidar dela sempre. Temos de ver a democracia, a economia e a saúde em conjunto. Aqui, está havendo polarização, e a tendência autoritária cresce”, afirmou, durante conferência com o ex-presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso promovida pela Fundação FHC.

ASSINE VEJA

Coronavírus: ninguém está imune
Coronavírus: ninguém está imune Como a pandemia afeta crianças e adolescentes, a delação que ameaça Witzel e mais. Leia na edição da semana ()
Clique e Assine

“Há risco de uma desorganização institucional aqui, e isso sempre deve ser levado em consideração. Não acho inevitável nós marcharmos para o autoritarismo. É inegável que há riscos. Os que têm esse sentimento precisam perceber que isso vai contra os interesses do Brasil”, completou.

Continua após a publicidade

Segundo o ex-presidente, as lideranças atuais têm de entender racionalmente o que está acontecendo não só no Brasil, mas no mundo. A pressão internacional contra o desmatamento e em favor da preservação da Amazônia – tema que pode resultar no fracasso do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia – foi citada por ele como exemplo de necessário câmbio no posicionamento oficial de Brasília, avesso às demandas de meio ambiente. Outra questão levantada por FHC foi a redução da desigualdade social como elemento essencial para a prevenção de futuras pandemia, como a da Covid-19, que agora se abate especialmente sobre as camadas mais vulneráveis da população. “Aqui está faltando razão e sentimento.”

FHC chamou a atenção para a necessidade de não se postergar as eleições municipais de novembro, para não haver precedentes para o adiamento dos pleitos federais daqui a dois anos. Também afirmou ter “medo” da reação popular depois de passada a pandemia, quando as pessoas já não se comunicarão apenas pelas redes sociais e estarão aptas a sair às ruas. “A população sabe e se comunica. É possível que, terminada a preocupação com a saúde, se volte para cobrar a renda perdida”, afirmou, depois de acentuar o fato de a pandemia ter vindo de avião ao Brasil e causado a desorganização da economia e, somente na quarta-feira 27, mais de 1.000 mortes no país.

CPMF

Ao detalhar sua proposta de “economia social de mercado” – modelo no qual o Estado tenha um papel mais decisivo na redução do endividamento público e da desigualdade e na regulamentação das atividades – FHC ponderou haver necessidade de elevar a arrecadação fiscal por meio da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), desde que sua receita seja destinada exclusivamente à diminuição da dívida pública, e da taxação sobre grandes fortunas.

No plano dos gastos públicos, salientou ser fundamental a adoção de um programa de renda mínima universal. Também acentuou que as empresas terão de cobrir a parcela de investimento que o Estado já não é capaz orientar para a inovação tecnológica e científica. Para ele, as autoridades da área econômica devem se adaptar a esse “choque de realidade” ou deixar seus postos no governo.

“O estado tem de ser confiável. O aumento dos impostos não pode trazer o aumento do estado, mas a redução da dívida pública. Temos de desideologizar essa questão. A CPMF não é uma questão liberal, mas realista”, defendeu. “A liderança nova não pode ser abstrata: tem de ter propostas para o país que as pessoas simples entendam”, completou.

Continua após a publicidade

O ex-presidente igualmente se posicionou contrariamente à tese da privatização do Banco Brasil, defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, por considerar que a instituição ainda é instrumento de ação do governo. “Quando o Banco Central reduz a taxa de juros básica, o primeiro a diminuir as suas é o Banco do Brasil”, ponderou.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

2 meses por 8,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.