O Open Stadiums, um grupo de direitos humanos, pediu à Fifa nesta sexta-feira, 30, para banir o Irã da Copa do Mundo deste ano, porque o regime tem a prática de impedir mulheres de assistirem a jogos de futebol em seu próprio país.
O grupo disse que o país não deveria ser autorizado a competir enquanto “as mulheres iranianas continuam barradas do nosso ‘lindo jogo'” por autoridades, mesmo que, há poucas semanas, as iranianas tenham sido autorizadas a assistir uma partida doméstica pela primeira vez desde 1979.
“As mulheres iranianas não confiam nem nas autoridades da República Islâmica nem na Federação Iraniana de Futebol de que o estádio Azadi continuará aberto a elas após a conclusão da Copa do Mundo de 2022, em 18 de dezembro”, disse o Open Stadiums em carta aberta ao presidente da Fifa, Gianni Infantino.
O grupo também argumenta que mesmo quem viajar ao Catar para assistir a partidas corre o risco de entrar em conflito com as autoridades iranianas, já que espiões do estado podem acompanhar a viagem.
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Proibir as mulheres de assistir jogos vai contra as regras internacionais do futebol, aponta a carta, argumentando que a Fifa deveria “expulsar imediatamente o Irã da Copa do Mundo de 2022 no Catar” como resultado.
Sites de notícias iranianos relataram especulações de que as mulheres foram autorizadas a assistir a uma partida em agosto, depois que a Fifa enviou uma carta às autoridades do país. A Fifa já havia dito à BBC que não “desviaria os olhos” do assunto.
Não há proibição oficial de mulheres irem a eventos esportivos no Irã, mas é raro que isso aconteça, porque sua entrada é, na maioria das vezes recusada.
Antes disso, as mulheres haviam sido efetivamente impedidas de participar de partidas domésticas masculinas, devido à desaprovação do clero sob o regime muçulmano xiita. As mulheres compareceram a várias partidas internacionais, incluindo uma em março deste ano.
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O grupo de direitos humanos, que luta pela igualdade de acesso ao esporte no Irã, também afirmou na carta que os membros do time de futebol que vão para o Catar no final deste ano foram proibidos de falar sobre os protestos mortais que atualmente abalam o país. Eles foram desencadeados pela morte de uma jovem, Mahsa Amini, sob custódia da polícia, depois que ela foi detida pela polícia da moralidade por usar o hijab “incorretamente”.
A carta aponta que o centro de detenção onde ela morreu é o mesmo “para onde as torcedoras geralmente são levadas e torturadas se ousam tentar assistir a um jogo de futebol”.