A Procuradoria-Geral da Colômbia comunicou nesta terça-feira, 26, que Nicolás Petro, filho do presidente colombiano, Gustavo Petro, será julgado pelos crimes de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro, supostamente ocorridos durante a sua atuação como deputado na província de Atlântico. A decisão foi emitida após Nicolás ter interrompido a sua colaboração no caso.
A acusação formal foi apresentada nos Juizados Penais do Circuito Especializado de Barranquilla, capital de Atlântico. O primogênito do presidente é suspeito de comprar propriedades de US$ 394 mil (cerca de R$ 1,9 milhões) com dinheiro que não vinha de seu salário. Ele e sua ex-esposa, Day Vasquez, foram presos em julho deste ano.
Em março do ano passado, depois que Nicolás rompeu o relacionamento, afirmou que o então marido recebeu supostas grandes quantias, que teriam sido destinadas à campanha eleitoral de Petro. Pouco depois, mudou a versão e alegou que o dinheiro foi utilizado para sustentar a vida de luxo em Barranquilla.
O presidente, por sua vez, nega qualquer envolvimento nos problemas do filho e disse que espera que “esses acontecimentos forjem seu caráter e que [Nicolás] possa refletir sobre seus próprios erros”.
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A acusação aponta que Nicolás teria recebido verba de suspeitos traficantes de drogas como porta de entrada nos planos de paz do presidente com o grupo paramilitar Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Entre os criminosos está Samuel Santander Lopesierra, extraditado para os Estados Unidos após ficar detido em território colombiano entre 2003 e 2021.
Nicolás chegou a ser preso, mas recebeu liberdade condicional por colaborar com a Justiça no caso. Como parte do processo, ele confessou o suposto financiamento ilegal da campanha que levou Petro à Presidência, e também afirmou ter recebido dinheiro de um filho de Alfonso “El Turco” Hilsaca, negociante acusado no passado de financiar grupos paramilitares e planejar homicídios.
Em agosto, o suspeito voltou atrás e se declarou inocente, interrompendo sua colaboração.
O imbróglio abalou o primeiro governo de esquerda Colômbia. O presidente estabeleceu distância do filho e afirmou que nunca seria cúmplice de crimes, mas tentou visitá-lo em agosto no bunker do MP, quando estava detido – Nicolás recusou o encontro. Semanas depois, no entanto, os dois se encontraram na casa de Nicolás em Barranquilla, onde, segundo ele, conversaram apenas sobre a família e assuntos pessoais.