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Filipinas devolvem 1.500 toneladas de lixo para o Canadá

Carga era objeto de disputa diplomática que já durava seis anos; Sudeste Asiático vêm protestando contra práticas de comércio de resíduos de plástico

Por Da Redação
Atualizado em 31 Maio 2019, 12h10 - Publicado em 31 Maio 2019, 10h32
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  • O governo das Filipinas mandou de volta para o Canadá nesta sexta-feira, 31, toneladas de lixo recebidas ao longo dos anos e que foram objeto de intensas disputas bilaterais. Ao mesmo tempo, vários países do sudeste da Ásia vêm manifestando que não pretendem mais servir como o “lixão” do Ocidente.

    A carga de lixo devolvida pelo governo filipino foi enviada ao país ilegalmente entre 2013 e 2014. O governo filipino afirma que que o lixo foi “disfarçado” de plástico para reciclagem, mas era na verdade lixo eletrônico e doméstico.

    Depois de uma longa campanha para conseguir que o Canadá aceitasse o material de volta, o presidente filipino Rodrigo Duterte decidiu na semana passada ordenar a devolução imediata da carga de 1.500 toneladas.

    No total, 69 contêineres viajam a bordo de um cargueiro que partiu da Baía de Subic, ao noroeste de Manila, rumo ao Canadá.

    “Baaaaaaaaa bye, como dizemos aqui”, tuitou o ministro filipino das Relações Exteriores, Teodoro Locsin, com uma foto do cargueiro navegando.

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    O caso

    A disputa nas Filipinas se concentrava em dezenas de contêineres enviados ilegalmente por uma empresa canadense em 2013 e 2014 e que estavam etiquetados de forma inadequada, como se contivessem lixo reciclável.

    Manila ganhou no ano passado um processo judicial que determinou que o Canadá deveria assumir a responsabilidade pelo lixo, mas nenhuma ação adicional foi tomada por Ottawa.

    Nos últimos meses, a questão se transformou em uma disputa diplomática e explodiu em abril, quando Duterte declarou durante um discurso: “Vamos lutar contra o Canadá. Vou declarar guerra”.

    O governo canadense então se comprometeu a receber de volta os dejetos, mas não respeitou o prazo fixado por Manila para 15 de maio. O governo das Filipinas convocou para consultas seu embaixador em Ottawa e seus cônsules gerais.

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    O Ministério canadenese do Meio Ambiente declarou, recentemente, que o país “modificou sua regulamentação para evitar qualquer futura exportação desse tipo de material sem permissão”.

    Após a decisão de Duterte de enviar o lixo de volta, chefe da pasta comemorou o fim das disputas. “Nos comprometemos com os filipinos e trabalhamos em estreita colaboração com eles”, declarou Catherine McKenna.

    A embarcação fará uma breve parada em Taiwan e está previsto que chegue em 22 de junho ao porto de Vancouver, para ser incinerada na vizinha Burnaby.

    ‘Lixão do Ocidente’

    Durante muito tempo, a China aceitou os rejeitos plásticos de todo mundo. No ano passado, porém, interrompeu essa operação repentinamente, alegando preocupações ambientais.

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    Os países desenvolvidos, contudo, tinham esgotado suas capacidades de reciclar suas milhões de toneladas de plástico e papel e precisavam enviar esse lixo para algum lugar.

    As empresas então encontraram no Sudeste Asiático, em países como Malásia, Tailândia, Vietnã, Indonésia e Índia, uma solução para seus problemas. As nações têm regulamentações de importação e controles menos rigorosos, ou até mesmo nenhum controle.

    Há alguns dias, a Malásia anunciou que devolveria 450 toneladas de dejetos plásticos para vários países, incluindo Austrália, Bangladesh, Canadá, China, Japão, Arábia Saudita e Estados Unidos.

    “A Malásia não será o lixão do mundo”, declarou a ministra malaia de Energia, Meio Ambiente e Ciência, Yeo Bee Yin. “Não nos deixaremos intimidar pelos países desenvolvidos”, completou.

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    “Vimos localidades virgens transformadas em lixões por causa de um tsunami de cargas de lixo de Estados Unidos, Reino Unido e Austrália após o veto da China”, declarou Von Hernandez, coordenador da coalizão mundial de ONGs Break Free From Plastic.

    Todo o ano, são produzidas cerca de 300 milhões de toneladas de plástico, segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF). A maior parte termina em lixões, ou nos oceanos. Calcula-se que, de todo o plástico produzido entre 1950 e 2015, apenas 9% foram reciclados.

    (Com AFP)

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