Em mais um capítulo da guerra Rússia contra a Ucrânia, que entra em seu 81º dia, a Finlândia oficializou neste domingo (15) sua intenção de aderir à Organização do Tratado do Atlântico do Norte (Otan). O país nórdico, que tem 1 300 quilômetros de fronteira com a Rússia, já havia manifestado sua insatisfação com o conflito militar e sua possível entrada no organismo é uma consequência direta da guerra. Durante uma entrevista coletiva mais cedo, o presidente finlandês Sauli Niinistö declarou: “É um dia histórico. Uma nova era está começando”.
A oficialização da intenção de entrar na Aliança Atlântica acontece um dia após Niinistö ter ligado para o presidente russo, Vladimir Putin, para dar ciência de que o país pediria a adesão ao pacto militar. O comando russo alertou seguidamente que poderá haver consequências se Helsinque se juntar à Aliança Atlântica. A decisão da Finlândia de deixar a neutralidade militar que se manteve durante a Guerra Fria, é vista como uma das mais significativas mudanças na segurança europeia nas últimas décadas. Acredita-se que a Suécia adote passos semelhantes nos próximos dias.
Apontada como uma clara retaliação à nova postura do país vizinho, a Rússia suspendeu o fornecimento de eletricidade para o país neste sábado, 14. A operadora RAO Nordic, subsidiária com sede em Helsinque do grupo estatal de eletricidade russo InterRao, no entanto, justificou a suspensão de entrega de energia alegando problemas com pagamentos. De acordo com as autoridades finlandesas essa interrupção não terá graves consequências, já que a Rússia fornece apenas uma pequena porcentagem da eletricidade do país.
Nesta segunda-feira, 16, o parlamento finlandês irá examinar o projeto de lei da adesão, mas a expectativa é que a maioria dos membros apoie a iniciativa. Embora tradicionalmente um país neutro, após Putin invadir a Ucrânia em fevereiro, a maioria política e a opinião da população mudaram a favor do pedido de incorporação à Otan. Caso realmente Helsinque entre na organização, mais do que dobrará a fronteira entre a organização ocidental e a Rússia, permitindo que soldados da aliança fiquem a apenas algumas horas de carro da periferia norte de São Petesburgo, cidade portuária russa.
Ssegundo o porta-voz de Niinisto, o presidente finlandês disse a Putin “que as demandas russas feitas no final de 2021 contra adesão dos países à Otan e a invasão da Ucrânia alteraram o ambiente de segurança da Finlândia”. Afirmou ainda, no entanto, que o país tem a intenção de manter relações de “maneira correta e profissional” com o Kremlin. Como resposta, o líder russo “reforçou que abandonar a política tradicional de neutralidade militar seria um erro, uma vez que não há ameaças à segurança da Finlândia. Tal mudança na política externa do país pode ter um impacto negativo nas relações russo-finlandesas”.