Forças americanas iniciam retirada da fronteira da Síria com a Turquia
Medida gera risco de avanço das forças turcas contra os curdos; Trump alega não querer seus soldados lutando em 'guerras sem fim'
As forças dos Estados Unidos no norte da Síria iniciaram a retirada das zonas próximas da fronteira com a Turquia nesta segunda-feira, 7. A medida abre caminho para uma ofensiva militar turca contra milícias curdas que lutam contra o Estado Islâmico e aviva o temor sobre o retorno dos jihadista à região.
A informação sobre a retirada de tropas americanas de posições estratégicas nas cidades de Ras al Ain e Tal Abyad, próximas à fronteira entre Síria e Turquia, foi anunciada pelas Forças Democráticas Sírias, aliança de combatentes curdos e árabes, e confirmada pela ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
O governo dos Estados Unidos havia anunciado no domingo à noite 6 que a retirada permitiria à Turquia realizar “em breve” uma incursão militar “prevista há algum tempo no norte da Síria”. O presidente americano, Donald Trump, justificou sua decisão alegando que cabe aos atores da região resolver a situação e que seu país deve deixar as “ridículas guerras intermináveis”.
“É hora de sairmos dessas ridículas guerras sem fim, muitas delas tribais, e levar nossos soldados para casa. Lutaremos onde seja em nosso benefício e lutaremos somente para vencer”, tuitou o presidente americano, com o cuidado de grafar a segunda frase em maiúsculas, nesta segunda.
Poucos minutos depois, ainda no Twitter, o senador republicano Lindsey Graham, um dos membros mais influentes do Senado e mais próximos a Trump, pediu ao presidente para “revogar a decisão” de retirar as tropas americanas do norte da Síria, por considerar que a medida seria um “desastre em formação”.
A Turquia classifica como “terroristas” as milícias curdas da Síria, por seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), organização que protagoniza uma guerrilha violenta no território turco desde 1984.
A situação reflete uma mudança de estratégia por parte dos Estados Unidos, que agora abandona os curdos, cujas milícias foram o principal aliado de Washington na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI).
(Com AFP)