Forças de Israel cercam hospital em Gaza e detêm mais de 150 pacientes e funcionários
Detenções ocorrem um dia depois de tanques bombardearem uma das poucas instalações médicas em funcionamento no norte de Gaza
Soldados do Exército de Israel detiveram mais de 150 pacientes e funcionários do hospital Kamal Adwan, em Jabalia, no norte de Gaza, após cercarem a unidade de saúde na manhã desta sexta-feira, 25. Durante a operação, os militares ordenaram que os pacientes fossem para o pátio principal, onde muitos dos palestinos foram forçados a ficarem só com as roupas íntimas.
As detenções ocorrem um dia depois de tanques israelenses bombardearem o complexo do hospital, uma das poucas instalações médicas em funcionamento no norte de Gaza. À emissora catari Al Jazeera, o diretor do hospital, Hussam Abu Safia, disse que a unidade de tratamento intensivo sofreu danos severos, alertando que o hospital poderia se tornar uma vala comum, já que um paciente estava morrendo a cada hora como resultado de ataques.
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O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, disse que “perdemos o contato com o pessoal” do hospital e chamou a invasão de “profundamente perturbadora”. Ele escreveu em um post na rede social X, antigo Twitter, que o hospital “está lotado com quase 200 pacientes – um fluxo constante de casos de traumas horríveis. Também está cheio de centenas de pessoas buscando abrigo”.
Imagens compartilhadas em grupos da extrema-direita israelense no Telegram mostram palestinos detidos depois de terem sido despidos. Yinon Magal, apresentado da emissora israelense Canal 14, comentou sobre uma foto de detentos, escrevendo: “Renda-se ou morra, Jabalia”.
Imagens também mostram danos extensos a prédios residenciais na região. Em pelo menos duas fotos, tanques israelenses aparecem ao longo da estrada por onde caminham civis palestinos deslocados à força.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU disse estar “cada vez mais preocupado com a maneira como os militares israelenses estão conduzindo as hostilidades” no norte de Gaza, também com a “interferência ilegal na assistência humanitária e ordens que estão levando ao deslocamento forçado”.
Ao todo, quase 43 mil pessoas foram mortos na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023. Ao menos 3,3 milhões de palestinos, 2,3 milhões deles em Gaza e 1,5 milhão deles crianças, precisam de assistência humanitária urgente, de acordo com o levantamento da PNUD.
Dados de setembro mostram que 625 mil alunos em Gaza estão sem estudar e 93% das escolas foram seriamente danificadas. Hospitais e outras infraestruturas essenciais também foram devastados. Menos da metade dos centros de assistência médica primária funcionam parcialmente, ao passo que 986 profissionais de saúde foram mortos em ataques israelenses.