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França registra atos antissemitas em protestos de ‘coletes amarelos’

Manifestantes foram filmados abordando o intelectual Alain Finkielkraut e sua madrasta, que caminhavam em Paris, chamando-os de "sionistas sujos"

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 18 fev 2019, 12h34 - Publicado em 17 fev 2019, 20h33

Uma enxurrada de atos antissemitas acompanhou os protestos dos “coletes amarelos” na França nas últimas semanas, aumentando os temores de que o movimento esteja incitando o ódio na nação que tem a maior população judaica da Europa.

No sábado, manifestantes vestindo coletes amarelos foram filmados abordando Alain Finkielkraut, um proeminente intelectual, enquanto caminhava com sua madrasta na rua em Paris, chamando-os de “sionistas sujos” e outros insultos. Um vídeo do incidente se tornou viral na internet, despertando críticas do presidente da França, Emmanuel Macron, e de líderes em todo o espectro político francês.

“Os insultos antissemitas tendo ele (Finkielkraut) como alvo são a completa negação de quem somos e do que nos torna uma grande nação”, disse Macron no Twitter. “Nós não vamos tolerá-los.” A promotoria de Paris abriu uma investigação sobre o ocorrido.

Desde que os coletes amarelos saíram às ruas em novembro, uma obscura corrente de violência, teorias da conspiração e, por vezes, racismo floresceu nas margens do movimento. A polícia francesa prendeu milhares de desordeiros e saqueadores; dezenas de pessoas foram acusadas de agredir a polícia.

Preocupações com o antissemitismo aumentaram após os protestos do fim de semana anterior. Alguém pintou “Juden” (judeu, em alemão) em um Bagelstein, uma cadeia francesa de restaurantes de bagel. Uma suástica nazista foi pintada com spray em um retrato de Simone Veil, uma sobrevivente francesa de Auschwitz que se tornou presidente do Parlamento Europeu.

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Na semana passada, o governo disse que os incidentes antissemitas na França cresceram 74% em 2018 em comparação ao ano anterior. “O antissemitismo está se espalhando como um veneno”, disse o ministro do Interior da França, Christophe Castaner. “Você não pode razoavelmente relacionar isso com os coletes amarelos”, disse no sábado o porta-voz do governo francês Benjamin Griveaux. “Mas basta dizer que dentro desses protestos, como minoria, há elementos da extrema esquerda ou extrema direita que são antissemitas.”

Em uma entrevista na semana passada, Finkielkraut expressou apoio aos coletes amarelos, mas disse que o movimento havia tomado um rumo sombrio. “Aqueles deixados de fora da nova economia e do bem-estar social fizeram suas vozes serem ouvidas”, afirmou, ponderando, contudo, que os manifestantes recentemente “marcham e destroem sem se preocupar com nada nem com ninguém”. Finkielkraut não respondeu a um pedido de comentário sobre os insultos dos manifestantes.

Os protestos de coletes amarelos começaram em novembro para se opor aos planos de Macron de aumentar impostos. Eles rapidamente se transformaram em um amplo movimento com um rol de exigências, incluindo a remoção de Macron do cargo, o restabelecimento do imposto sobre a riqueza na França e o aumento do poder de compra da classe trabalhadora. O movimento atrai muitos de seus apoiadores dos extremos da política francesa e de um crescente segmento do eleitorado francês que se desencantou completamente com a política.

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