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Alberto Fujimori: “por favor, não me condenem à morte”

Do hospital onde está internado, ex-ditador grava vídeo com apelo às autoridades peruanas para não voltar novamente à prisão

Por Da Redação
Atualizado em 4 out 2018, 17h01 - Publicado em 4 out 2018, 11h09

Internado em um hospital de Lima, o ex-ditador peruano Alberto Fujimori gravou um vídeo para pedir às autoridades que não usem a suspensão de seu indulto como arma política e que não o matem. Fujimori, de 80 anos, foi internado na quarta-feira (3) com arritmia cardíaca depois de ter sido informado sobre a  anulação de seu indulto pela Suprema Corte do país.

Condenado em 2009 como responsável por dois massacres de civis em Lima, os de La Cantuta e de Barrios Altos, Fujimori tinha sido beneficiado pelo indulto concedido em dezembro do ano passado pelo então presidente Pedro Pablo Kuczynski (PPK). Ele ainda tem a cumprir 14 anos de pena em regime fechado, em penitenciária.

“Quero dizer hoje às autoridades e aos políticos: por favor, não me usem como arma política porque não tenho mais forças para resistir. Quero dizer ao Presidente da República e aos membros do poder policial uma coisa só: por favor não me matem”, afirmou o ex-ditador no vídeo, publicado em sua página no Facebook.

“Se eu regressar à prisão, meu coração não vai suportar. Está muito fraco para voltar a passar por isto. Não me condem à morte”, apelou.

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O ex-congressista Alejandro Aguinaga, médico do ex-ditador, afirmou que a ordem da Justiça provocou a reaparição de um quadro de arritmia cardíaca, um dos problemas crônicos de saúde de Fujimori. Ele também teria sofrido queda da pressão arterial.

Aguinaga  afirmou que a sentença surpreendeu Fujimori, já que o indulto concedido por PPK está previsto na Constituição do país. “O presidente da República está autorizado a dar um indulto e o Judiciário não está autorizado a anulá-lo”, disse o médico.

No entanto, a sentença do juiz Hugo Núñez, do Tribunal de Investigação Preparatória da Suprema Corte, concluiu que o indulto contém irregularidades em sua tramitação e viola os compromissos internacionais em direitos humanos assinados pelo Peru.

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O juiz ainda desconsiderou o relatório médico que deu sustentação à concessão do indulto a Fujimori, em 2017, porque a médica que o assina não é especialista nas enfermidades apontadas.

O indulto foi concedido em 24 de dezembro de 2017, e teria sido resultado de um acordo político entre Fujimori e PPK. O ex-ditador reside atualmente com o filho Kenji, que renunciou ao Parlamento depois de ser acusado de suborno e tráfico de influência. Sua filha Keiko, primeira-dama durante seu governo, é a principal líder da oposição ao governo do presidente Martín Vizcarra, o sucessor de PPK.

De origem japonesa, Fujimori foi presidente do Peru entre 1990 e 2000. Dois anos depois de sua posse, aliado às Forças Armadas, deu um “autogolpe” de Estado: dissolveu o Congresso e fechou o Poder Judiciário.

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Seu governo prendeu os líderes da guerrilha Sendero Luminoso, em 1992, e matou os membros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru envolvidos na invasão da embaixada do Japão em Lima, no final de 1996. O período de dez anos no poder é considerado como de exceção dado o desrespeito às instituições democráticas e a perseguição a seus opositores e à imprensa.

Os casos pelos quais Fujimori foi condenado estão relacionados à truculência de seu regime. Ele foi condenado a 25 anos de prisão como mandante dos massacres de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992), onde morreram 25 pessoas. Além disso, foi considerado culpado pelos sequestros de um empresário e um jornalista. Todos os delitos foram considerados como crimes contra a humanidade.

(Com EFE)

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