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Funcionário da Otan volta atrás após sugerir que Kiev ceda terras à Rússia

Stian Jenssen disse que Kiev poderia desistir de alguns territórios em troca do fim da guerra e da adesão à organização ocidental

Por Da Redação
16 ago 2023, 15h55

Um funcionário do alto escalão da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a principal aliança militar ocidental, se desculpou nesta quarta-feira, 16, depois de fazer comentários de que a Ucrânia poderia ceder territórios à Rússia em troca do fim da guerra e da adesão à organização. Stian Jenssen, chefe de gabinete do secretário-geral, Jens Stoltenberg, disse que não deveria ter falado de forma tão simplista.

Em um evento na Noruega na terça-feira, 15, Jenssen disse que os membros da aliança estavam discutindo como a guerra de 18 meses poderia ser encerrada, embora qualquer acordo de paz deva ser aceitável para a Ucrânia.

“Acho que uma solução poderia ser a Ucrânia desistir do território e obter a adesão à Otan em troca”, afirmou Jenssen.

Um dia depois, ele concedeu uma entrevista se explicando ao mesmo jornal que noticiou seus comentários originais.

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“Minha declaração sobre isso fazia parte de uma discussão mais ampla sobre possíveis cenários futuros na Ucrânia, e eu não deveria ter dito dessa forma. Foi um erro”, admitiu o chefe de gabinete.

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Jenssen, no entanto, não recuou da ideia de que um acordo de terras poderia estar sobre a mesa. Segundo ele, se houver negociações de paz sérias, então a situação militar no momento, incluindo quem controla qual território, “vai ter necessariamente uma influência decisiva”.

O chefe de gabinete insistiu que só expôs uma ideia e que “deve caber à Ucrânia decidir quando e em que termos quer negociar”. Mas isso não foi suficiente para Kiev, que rejeitou o fato de Jenssen estar discutindo a proposta publicamente e acredita que qualquer acordo que envolve troca de territórios para entrada na aliança militar recompensaria a agressão russa.

“Trocar território pela proteção da Otan? É ridículo. Isso significa escolher deliberadamente a derrota da democracia, encorajar um criminoso global, preservar o regime russo, destruir o direito internacional e passar a guerra para outras gerações”, disse Mykhailo Podolyak, conselheiro sênior do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.

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Para Kiev, a menos que a Rússia sofresse uma grande perda na guerra, o país vai continuar a representar um problema de longo prazo para o Ocidente.

“Se Putin não sofrer uma derrota esmagadora, o regime político na Rússia não mudar e os criminosos de guerra não forem punidos, a guerra definitivamente retornará com o apetite da Rússia por mais”, disse Podolyak.

A Ucrânia pede a restauração de suas fronteiras pré-2014 reconhecidas internacionalmente e está engajada em uma contraofensiva na tentativa de recapturar grandes partes de seu território tomado pela Rússia. Embora Kiev tenha recebido doações de tanques ocidentais, foguetes de longo alcance e artilharia, suas forças até agora obtiveram apenas pequenos ganhos territoriais.

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Em resposta as declarações do chefe de gabinete, a Otan divulgou um comunicado com objetivo de esfriar o tema.

“Continuaremos a apoiar a Ucrânia enquanto for necessário e estamos empenhados em alcançar uma paz justa e duradoura. A posição da aliança é clara e não mudou”, disse um porta-voz.

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