Há pouco mais de dois anos, o conflito militar entre Ucrânia e Rússia também ganhou dimensões financeiras, como uma forma de retaliação de países que se posicionavam contra a invasão russa. Isso aconteceu quando os ministros das finanças do G7, o grupo de países com as economias mais avançadas do mundo, anunciaram o congelamento dos depósitos russos nos Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido e Canadá. Na época estimava-se uma quantia em torno de 300 bilhões de euros, praticamente metade das reservas cambiais internacionais do pais. Desde o ano passado, o grupo começou a discutir maneiras legais de usar os juros dos ativos congelados para reconstruir a Ucrânia. Neste sábado, 25, depois de uma reunião antecipada do grande encontro que vai ocorrer na região italiana da Puglia, em julho, os ministros anunciaram progressos.
A ideia da reunião extra foi justamente conseguir encaminhar uma proposição mais concreta para a reunião oficial na Itália. “Estamos avançando nas nossas discussões sobre possíveis maneiras de antecipar os lucros extraordinários procedentes dos ativos soberanos russos, bloqueados em benefício da Ucrânia, de acordo com o direito internacional e os nossos respectivos sistemas jurídicos”, disseram os ministros à imprensa depois do encontro. Há duas semanas, a Rússia começou uma ofensiva à Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, que foi interrompida na última sexta-feira, 24, de acordo com as informações do governo ucraniano. Além deste último ataque, os reiterados pedidos do país para aliados ocidentais acelerem fornecimento de armas ajudaram na realização da reunião extra dos ministros do G7.
Apesar de terem encontrado meios legais para o uso do dinheiro, não chegaram a um acordo sobre o valor nem sobre os mecanismos para ajudar a Ucrânia. A maior parte dos ativos, 185 bilhões de euros estão na União Europeia. Eles foram congelados pela Euroclear, organização internacional com sede na Bélgica. Os Estados Unidos sugerem também um empréstimo de cerca de 50 bilhões de dólares à Ucrânia, que teriam como garantia os juros futuros que serão gerados pelos ativos congelados. Difícil imaginar que o presidente russo Vladimir Putin não vá reagir a essas manobras, que colocam mais lenha na fogueira, do embate com a Ucrânia.