O governo do território britânico de Gibraltar rejeitou, neste domingo, 18, um pedido dos Estados Unidos para reter o petroleiro iraniano que se prepara para deixar suas águas territoriais, explicando que as sanções americanas não são aplicáveis na União Europeia.
Com isso, o cargueiro continua livre para partir de Gibraltar. Teve seu nome alterado de “Grace 1” para “Adrian Darya” e trocou sua bandeira panamenha, com a qual estava navegando, pela iraniana. “O navio navegará hoje à noite (domingo)”, tuitou o embaixador iraniano na Grã-Bretanha, Hamid Baeidinejad.
Uma parte da tripulação, incluindo o capitão, deve ser substituída, já que os Estados Unidos ameaçaram recusar vistos para “membros da tripulação de navios que ajudem os Guardiães Revolucionários a transportar petróleo do Irã”.
As autoridades de Gibraltar capturaram em 4 de julho o navio-tanque “Grace 1”, suspeitando de que ele estivesse transportando petróleo bruto para a Síria, um país atualmente sob embargo da UE. Na última quinta-feira, o cargueiro foi autorizado a ir embora, depois de Teerã ter garantido que sua carga de 2,1 milhões de barris de petróleo bruto não será levada para a Síria.
Nesse meio-tempo, os Estados Unidos entraram com várias ações judiciais para que o navio-tanque fosse imobilizado, e o Departamento de Justiça emitiu uma ordem de confisco baseada nas sanções americanas contra o Irã.
Em nota, a Justiça de Gibraltar alegou que “o regime de sanções da União Europeia contra o Irã é muito menos abrangente do que o dos Estados Unidos”. Além disso, a norma europeia “proíbe especificamente a aplicação de certas leis dos EUA”, como sanções ao Irã, acrescentou o comunicado.
Os Estados Unidos tentaram pela primeira vez em 15 de agosto persuadir Gibraltar a manter o petroleiro, enviando um pedido de assistência judicial quando fosse libertado. Gibraltar explicou ter respondido aos EUA, naquele mesmo dia, que “era impossível atender à demanda” com base nas informações fornecidas por Washington.
Ao contrário dos Estados Unidos, a União Europeia não considera os Guardiães da Revolução uma organização terrorista e não aplica as mesmas sanções que Washington, completou a Justiça de Gibraltar.