Governo de Assad é acusado de novo ataque químico na Síria
Ao menos 21 pessoas foram atendidas em hospitais com sintomas de asfixia similares aos provocados pelo gás cloro
O governo de Bashar al-Assad está sendo acusado por uma ONG de ter realizado um novo ataque químico à cidade de Duma, na região de Guta Oriental, enclave rebelde a leste de Damasco. Ao menos 21 casos de asfixia, principalmente em crianças, foram relatados nesta segunda-feira.
Nove civis também foram mortos em bombardeios rebeldes em um bairro em Damasco, segundo a televisão estatal síria.
Desde o início da guerra na Síria, em 2011, o governo Al-Assad foi repetidamente acusado por investigadores da ONU de ter usado gás cloro, ou gás sarin, durante ataques químicos.
“Após o disparo de foguetes pelas forças do regime no setor oeste da cidade de Duma, uma fumaça branca se espalhou, causando 21 casos de asfixia”, anunciou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
“Moradores e fontes médicas falam de efeitos do gás de cloro, mas o OSDH não pode confirmar”, disse à AFP o diretor da ONG, Rami Abdel Rahman.
Os pacientes sofrem “irritação respiratória, dificuldades respiratórias, tosse, vermelhidão nos olhos”, segundo o Dr. Bassel, funcionário do hospital de Duma, para onde foram transferidos. “Foi constatado que eles cheiram a cloro, ou a água sanitária. Nós tiramos suas roupas”, ressaltou.
Em 13 de janeiro, um ataque semelhante já havia atingido os arredores de Duma, de acordo com o OSDH, que relatou “sete casos de sufocamento”. Poucos dias depois, o diretor da organização Human Rights Watch (HRW), Kenneth Roth, falou sobre o ataque em uma coletiva de imprensa em Paris: “Sem surpresa, Al-Assad retomou o uso de armas químicas. O gás de cloro foi usado durante o cerco a Guta Oriental”.
Sitiados desde 2013 pelas forças do governo, os 400.000 habitantes desse reduto rebelde enfrentam uma séria crise humanitária, com escassez de alimentos e de remédios.
Na última quinta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, instou o Conselho de Segurança a relançar os esforços para punir os responsáveis por ataques químicos no país, apesar do veto da Rússia em novembro sobre a continuação das investigações internacionais.
Mais de 340.000 pessoas já morreram e milhões foram obrigadas a se deslocar desde que o conflito começou na Síria, em 2011.