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Governo de Fernández facilita acesso ao aborto legal na Argentina

Ministério da Saúde adota medidas para beneficiar vítimas de estupro e mulheres em risco de morte

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 14h52 - Publicado em 13 dez 2019, 16h47

O governo do presidente Alberto Fernández lançou nesta sexta-feira, 13, um novo protocolo para impedir a punição do aborto na Argentina. Entre as medidas, está o estabelecimento de um prazo máximo de dez dias para o procedimento ser realizado depois de a mulher solicitar a Interrupção Legal da Gravidez (ILE) na saúde pública.

O protocolo foi publicado no Boletim Oficial do país, assinado pelo ministro da Saúde, Ginés González García, apenas três dias após Fernández ter assumido o cargo. Mauricio Macri, agora ex-presidente da Argentina, havia tentado instituir medidas análogas no fim de novembro, mas foi frustrado pela bancada anti-aborto de seu próprio partido no Congresso.

“Isso é apenas um guia ou protocolo de procedimento. É saúde pública, não faz sentido transformar em um debate religioso ou político”, afirmou o ministro Gonzaléz. Atualmente, o aborto é legal no país somente quando a vida da mulher está em perigo ou quando a gravidez é resultado de um estupro.

Além do prazo máximo de 10 dias estabelecido pelo novo governo, outra novidade é que meninas de 13 a 15 anos podem optar pelo aborto desde que apresentem comprovante de risco à saúde integral – física, emocional, social e psicológica – nas primeiras 12 semanas de gestação.

A Anistia Internacional, em declaração, louvou a iniciativa: “O protocolo não cria novos direitos, mas oferece clareza e certeza à comunidade médica em relação a procedimentos em casos de perigo para a vida ou a saúde das mulheres, ou quando a gravidez foi resultado de estupro, além de evitar obstáculos desnecessários para mulheres e meninas que buscam acesso à prática do aborto nos serviços de saúde”.

Maré Verde

Em 2018, um projeto de lei em favor do aborto legal, seguro e gratuito foi aprovado pela Câmara dos Deputados, mas não passou no Senado. Desde então, os setores antiaborto intensificaram suas pressões e obstáculos, para boicotar a lei vigente acerca do tema (em vigor desde 1921).

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As argentinas responderam através da intensificação do movimento dos pañuelos verdes (lenços verdes), que levou milhares de pessoas às ruas pelo aborto legal, seguro e gratuito nas primeiras 14 semanas de gestação.

A Maré Verde se espalhou pelo mundo inteiro, até para o Brasil, com manifestações em solidariedade à causa argentina no dia 28 de maio deste ano (o 28M), quando o projeto de lei autorizando o aborto legal foi apresentado ao Congresso pela oitava vez – e novamente rechaçado.

Alberto Fernández anunciou que promoverá um novo debate sobre o aborto no Congresso, onde o bloco oficial é a primeira minoria na Câmara e o presidente tem maioria no Senado.

(Com AFP)

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