Governo de ultradireita da Itália é criticado por homenagens a fascistas da II Guerra
Ministério da Defesa celebrou o aniversário da batalha de El Alamein, travada sob o regime do ditador Mussolini em 1942
O governo de extrema direita da primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, marcou com homenagens na quarta-feira 23 a data de uma grande batalha da II Guerra Mundial, travada sob o regime do ditador fascista Benito Mussolini.
Em uma publicação nas redes sociais, o Ministério da Defesa italiano celebrou o aniversário da batalha de El Alamein, disputada em 1942 pelas forças da Alemanha nazista e da Itália fascista contra o Reino Unido e seus aliados. A pasta descreveu o conflito como “heroico e trágico” e prestou homenagem aos soldados italianos que “sacrificaram suas vidas por nossa liberdade”.
A deputada Paola Chiesa, do partido Irmãos da Itália, liderado por Meloni, também prestou homenagem à data em publicação no Facebook, afirmando que “o coração da nossa Nação está hoje em El Alamein”.
A batalha de El Alamein, no Egito, marcou o fim do projeto expansionista de Hitler no norte da África durante a II Guerra Mundial, após os Aliados saírem vitoriosos em menos de duas semanas de combates. Milhares de italianos foram mortos ou capturados durante o confronto.
Críticas ao governo
As publicações de membros do governo italiano provocaram uma enxurrada de críticas de políticos da oposição, acadêmicos e usuários das redes sociais.
Políticos do Movimento 5 Estrelas (um partido que defende pautas da esquerda, apesar de sua posição anti-imigração), a segunda maior força da oposição do país, emitiram um comunicado dizendo que, embora os soldados italianos tenham lutado bravamente na batalha de El Almein, era “inoportuno” afirmar que eles lutaram pela liberdade, visto que “foram vítimas do regime colonial e fascista (da Itália)“.
Fundado em 2012, o Irmãos da Itália tem raízes políticas no Movimento Social Italiano (MSI), uma organização neofascista que surgiu das cinzas do regime de Mussolini em 1946.
Desde que assumiu o poder há dois anos, Meloni tem enfrentado pressão para se posicionar contra manifestações de nostalgia ao fascismo entre membros de seu partido, mas evita se rotular como “antifascista”, apesar de insistir ser contrária a todas as formas de totalitarismo.