O governo do Peru deve iniciar um processo de reabertura econômica a partir de domingo, 10, visando à retomada integral das atividades não essenciais até meados de agosto, segundo decreto do presidente, Martín Vizcarra, do domingo 3. O país andino está desde março sob a imposição de medidas de isolamento social para conter o avanço dos casos da Covid-19. Mais de 45.900 casos da doença foram confirmados no Peru até esta segunda-feira, 4.
“É essencial estabelecer a retomada de algumas atividades, vendo a nossa realidade e as análises comparativas com os outros países que, nesta fase da epidemia, começam a reativar a economia com algumas atividades”, disse Vizcarra no sábado 2.
Na Europa, os dois países mais atingidos pelos surtos da Covid-19 no cotinente em número de casos, Espanha (218.000 enfermos, segundo o jornal The New York Times) e Itália (210.000), e a Grécia começaram seus respectivos processos de reabertura nesta segunda-feira, 4. A França planeja retomar as atividades não essenciais a partir de 11 de maio.
Apenas atividades essenciais para garantir o abastecimento de alimentos, de energia e de assistência médica estão permitidas em meio à quarentena no Peru, que está em vigor desde 16 de março. Mais de 18.000 detenções por violação do isolamento social ocorreram nos primeiros 10 dias da quarentena.
Nem mesmo o funcionamento de restaurantes para o atendimento de pedidos por delivery está permitido no Peru, como reportou o portal de notícias argentino Infobae.
O plano de reativação da economia prevê uma reabertura gradual a partir do início de 10 de maio e a ser realizada em quatro etapas, cada uma com uma duração de cerca de um mês, até agosto.
Segundo o decreto, as atividades econômicas a serem retomadas a partir de maio serão os setores da mineração, da indústria, do turismo, de serviços e do comércio. O governo ainda deverá publicar os protocolos sanitários a serem seguidos pelos profissionais desses setores para o retorno das atividades.
“É preciso encontrar um equilíbrio entre controlar a doença e ativar alguns setores que geram o trabalho que os cidadãos exigem”, disse Vizcarra no sábado.
Mais de 30% dos peruanos estão desempregados em meio à pandemia, indica uma pesquisa do think tank Instituto de Estudos Peruanos realizada entre 16 e 22 de abril. A taxa de desemprego chega a 60% entre os mais pobres.
O Peru é o segundo país da América Latina mais atingido pela pandemia da Covid-19 em número de casos, segundo estimativa do Times. São mais de 45.900 enfermos e de 1.200 mortes até esta segunda-feira.
Dentre os cerca de 37.000 casos confirmados no Peru até o final de abril, segundo o jornal espanhol AS, mais de 60% se concentra na capital, Lima.
Êxodo urbano
O desemprego e a concentração dos casos da Covid-19 nas cidades levou pelo menos 167.000 peruanos a entrarem com um pedido oficial às autoridades locais, como demanda o governo peruano, para poder deixar os centros urbanos rumo ao interior do país.
Para impedir o avanço da doença no país, o governo permite sair das cidades apenas aqueles que testarem negativo para o SARS-CoV-2, o vírus causador da Covid-19. Famílias estão dormindo nas ruas de Lima enquanto aguardam a oportunidade de serem testadas.
O presidente do Conselho de Ministros do Peru, Vicente Zeballos, anunciou no final de abril que apenas cerca de 2% dos requerentes conseguiram sair das cidades.