A vice-premiê da Espanha, Soraya Sáenz de Santamaría, afirmou nesta terça-feira que o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont “não sabe onde está, aonde vai, nem com quem quer ir”, depois de anunciar uma declaração de independência e logo depois suspender seus efeitos para uma tentativa de diálogo com Madri.
A número dois do governo espanhol anunciou, ainda, a convocação de um conselho extraordinário de ministros, presidido por Mariano Rajoy, primeiro-ministro, para esta quarta-feira às 7h do horário local (4h de Brasília).
O objetivo será “abordar os próximos passos” após o discurso de Puigdemont no plenário do Parlamento catalão. Além disso, Rajoy mantém “contatos com os principais partidos políticos porque quer o máximo consenso” antes de tomar novas ações, ressaltou.
Em sua rápida declaração à imprensa, a vice-premiê insistiu que o referendo de autodeterminação de 1º de outubro, no qual Puigdemont se apoia, foi “um ato ilegal, fraudulento e sem as mínimas garantias”. Neste sentido, desconsiderou a reivindicação feita pelo presidente regional de uma mediação internacional para solucionar o conflito. “Nem o senhor Puigdemont nem ninguém pode pretender, sem antes voltar à legalidade e à democracia, impor uma mediação”, assegurou.
Igualmente, condenou Puigdemont por afirmar que possui o “mandato do povo” para levar a Catalunha à independência.
Conselho da Europa
O secretário-geral do Conselho da Europa, Thorbjorn Jagland, rejeitou a ideia proposta por Puigdemont de uma mediação internacional na questão da Catalunha. Durante discurso na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE), Jagland, em vez da mediação, ofereceu a experiência da organização em matéria constitucional, ou seja, o trabalho da Comissão Europeia para a Democracia através do Direito, mais conhecida como Comissão de Veneza.
Em seu discurso ao Parlamento nesta terça, o presidente catalão voltou a pedir uma mediação para os diálogos com o governo espanhol. Jagland, contudo, lembrou que teve um encontro com o ministro de Relações Exteriores da Espanha, Alfonso Dastis, em que destacou a necessidade de haver “respeito constitucional” na questão da Catalunha. “O conflito da Catalunha deve ser resolvido em torno da Constituição existente ou emendando-a. Esse é um princípio que aplicamos em qualquer país”, afirmou.
(Com AFP e EFE)