Governo Milei classifica grupo indígena como terrorista após incêndios na Patagônia
Rastro de destruição já soma área equivalente ao dobro da capital, Buenos Aires, que tem 20.000 hectares

O governo de Javier Milei classificou, nesta sexta 14, o grupo indígena Resistência Ancestral Mapuche (RAM) como uma organização terrorista, citando incêndios que atingiram diversas partes da Patagônia.
A decisão do Ministério da Segurança Nacional, comandado por Patricia Bullrich, foi pulicada no Diário Oficial e afirma que, “segundo relatório técnico jurídico que justifica esta resolução, a organização Resistência Ancestral Mapuche, por sua vez vinculada à Coordenadora Arauco Malleco (CAM), representa uma séria e multifacetada ameaça à segurança nacional”.
O texto também afirma que, “de 2010 até o presente, quando os incêndios intencionais reivindicados pelos líderes do RAM devastaram antigas florestas da Patagônia, centenas de incidentes terroristas ocorreram”.
Povo originário da região da Patagônia, os mapuches se espalham por território argentino e chileno e somam mais de 1,8 milhão de pessoas, a maioria delas habitantes do lado chileno da fronteira.
“Em vários casos ficou provado que (incêndios) foram iniciados intencionalmente e, por outro lado, há muitas denúncias a esse respeito. Recentemente o incêndio criminoso, como ferramenta de pressão, foi reivindicado publicamente pelo líder do RAM, Facundo Jones Huala”, destacou o governo, que apresentou acusações criminais contra os mapuches pelos “crimes de intimidação pública, incitação à violência coletiva, apologia ao crime e associação criminosa”.
Huala, autoproclamado líder mapuche, é uma figura controversa — depois de ser extraditado para o Chile, onde foi condenado à prisão por ataque a uma fazenda e porte ilegal de arma, ele foi expulso do país no ano passado, voltando à Argentina.
Há semanas o governo já havia responsabilizado o RAM pelas chamas, assim como políticos locais, que dizem haver provas de que os incêndios foram intencionais.
Chamas têm devastado a província de Corrientes e a região da Patagônia argentina, atingindo Neuquén, Chubut e Río Negro, onde uma morte foi registrada. O rastro de destruição, que já se aproxima dos 40.000 hectares, segundo levantamento de organizações ambientais, uma área equivalente ao dobro da capital, Buenos Aires, que tem 20.000 hectares.