Governo Trump sanciona presidente da Colômbia, Gustavo Petro
Em resposta, colombiano disse que 'ameaça foi cumprida', mas que não ficará de joelhos
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou nesta sexta-feira, 24, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e alguns de seus familiares. Em comunicado, o Tesouro americano acusa o colombiano de “permitir que cartéis de drogas floresçam”, dizendo que ele teria “se recusado a cessar esta atividade”, embora não tenha apresentado provas concretas.
“O presidente Trump está tomando ações fortes para proteger nossa nação e deixar claro que não vamos tolerar tráfico de drogas em nosso país”, disse o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. A primeira-dama e os filhos do colombiano também foram alvos de bloqueio de bens.
A ação coloca Petro na mesma lista de líderes sancionados pelos EUA, que inclui, entre outros, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Em resposta, Petro disse que “de fato, a ameaça foi cumprida”.
“Combater o tráfico de drogas com eficácia por décadas me traz esta medida do governo da sociedade que tanto ajudamos a acabar com o uso de cocaína. Um grande paradoxo, mas nunca recuei e nunca me ajoelhei”, escreveu Petro em publicação nas redes sociais.
A medida de Washington segue troca de acusações entre os dois presidentes. No domingo, 19, Trump chamou Petro de “barão da droga” e prometeu cortar financiamento e subsídios dados à Colômbia, sugerindo também que forças americanas poderiam realizar ações no país. As ameaças vieram em meio à crescente tensão militar entre a Venezuela e os EUA.
Na quinta-feira, 23, o colombiano acusou os EUA de cometer “execuções extrajudiciais” através de ataques a barcos no Caribe e no Pacífico — ao todo, já foram 10 ataques, que deixaram 43 mortos. Em coletiva de imprensa em Bogotá, o líder colombiano disse acreditar que as manobras ordenadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, acabam por “violar o direito internacional” e representam um “uso desproporcional da força que é punido pelo direito internacional humanitário”.
“O mar do Caribe está repleto de navios de guerra, aeronaves navais e mísseis (dos Estados Unidos)”, continuou Petro. “Inclusive, um pescador de Santa Marta foi assassinado em seu barco. Quando anularam a certificação antidrogas, achamos muito paradoxal e, obviamente, recebemos isso como se fosse um insulto.”
Petro condenou o bombardeio e alegou que o barco pertencia a uma “família humilde”, e não à guerrilha colombiana batizada de Exército de Libertação Nacional (ELN), como argumentou o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth. Ele também chamou de volta o seu embaixador nos Estados Unidos, Daniel García-Peña, em gesto diplomático que frisa a insatisfação com o governo Trump.
Briga antiga
Petro, o primeiro presidente de esquerda da história do país e conhecido pela articulação com o venezuelano Nicolás Maduro, tem sido uma das vozes regionais mais críticas contra a ofensiva americana na costa do Caribe. O ocupante da Casa Branca, por sua vez, acusa Bogotá de ser cúmplice no tráfico ilícito de drogas.
No mês passado, Petro teve o visto revogado pelos Estados Unidos por ter participado de um ato pró-Palestina enquanto ele estava em Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas, em que pediu aos soldados americanos que desobedecessem às ordens de Trump. O presidente colombiano acusou Washington de violar o direito internacional devido às suas críticas às ações de Israel em Gaza.
A briga escalou por conta da situação na Venezuela. Trump autorizou a CIA, a agência de inteligência americana, a realizar operações em solo venezuelano, inclusive terrestres, com o objetivo de derrubar o ditador Nicolás Maduro — a indicação mais clara de que poderia haver, de fato, uma invasão.
Nesta sexta-feira, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos confirmou o envio de um porta-aviões para águas da América do Sul. Um dia antes, o presidente Donald Trump disse que pode haver “operações terrestres” contra cartéis da região em breve.
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