Greve dos transportes paralisa Argentina e aumenta embate de Milei com sindicatos
Trabalhadores protestam contra série de demissões em agências públicas promovidas pelo governo, que avança com medidas de austeridade
Os principais sindicatos de transporte da Argentina deram início à meia-noite desta quarta-feira, 30, a uma greve nacional de 24 horas, em rejeição às medidas de austeridade do presidente Javier Milei. Desde cedo, a capital Buenos Aires e outras grandes cidades registram engarrafamentos e filas nas estações de metrô, já que a paralisação inclui trem, ônibus, táxis e até portos e aviões.
Segundo o jornal argentino La Nación, cinco dos maiores sindicatos do setor aéreo aderiram à greve, impactando quase 30.000 pessoas.
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Os trabalhadores protestam contra uma série de demissões em agências públicas promovidas pelo governo Milei, que avança com medidas de austeridade para equilibrar as contas em meio à crise econômica e social que castiga o país, com dívidas elevadas, câmbio deteriorado, reservas internacionais escassas e inflação na casa de 236%.
Alguns sindicatos também protestam contra os planos de privatizar a Aerolíneas Argentinas, que reduziu sua força de trabalho nos últimos meses.
Em resposta, o governo usou o aplicativo oficial MiArgentina para criticar a greve, convidando os cidadãos a denunciar se forem coagidos a aderir à paralisação. O porta-voz do governo, Manuel Adorni, usou a rede social X, antigo Twitter, para ironizar: “Boa jornada de trabalho a todos”.
“As pessoas só não trabalham se forem obrigadas a não fazê-lo, e só conseguem isso impedindo-as de chegar aos seus locais de trabalho”, escreveu.
À rede Todo Noticias, o secretário-geral do sindicato La Fraternidad, que reúne condutores de trem, disse que o protesto é “contra a economia que o governo está implementando”.
O corte de gastos e o ajuste das contas públicas estão no foco de Milei, que afirma que, melhorando a parte fiscal, a economia argentina dará mais confiança aos investidores, destravando investimentos privados. Desde que assumiu o poder, em dezembro do ano passado, o índice mensal de preços do país caiu dos 25,5% para 4,2% em agosto deste ano, uma desaceleração que tem sido um dos trunfos da gestão.
Para a população, no entanto, os índices são desanimadores. O número de argentinos que vivem abaixo da linha da pobreza aumentou no primeiro semestre deste ano e chegou a 15,7 milhões de pessoas, segundo levantamento do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do país divulgado em agosto.
A pesquisa, que abrange 31 aglomerados urbanos da Argentina, aponta que mais da metade da população está em situação de pobreza, cenário que abrange 4,3 milhões de famílias — 42,5% do total do país.