Grupo militante sequestra trem no Paquistão e faz passageiros de reféns
Grupo separatista intercepta Jaffer Express, fere maquinista e ameaça executar passageiros caso forças de segurança tentem resgate

Um grupo de militantes separatistas sequestrou um trem de passageiros na província de Baluchistão, no sudoeste do Paquistão, na tarde desta terça-feira, 11. O Jaffer Express, que transportava cerca de 450 pessoas, foi interceptado pelo Exército de Libertação Balúchi (BLA), que reivindica a independência da região. Durante o ataque, o maquinista ficou gravemente ferido, e o trem permaneceu preso em um túnel cercado por montanhas, segundo informações da emissora americana CNN.
De acordo com autoridades do governo e da ferrovia, cerca de 60 a 70 passageiros desembarcaram na Estação Ferroviária de Panir no distrito de Kachhi. À agência de notícias Reuters, a polícia local informou que cerca de 350 passageiros, incluindo mulheres e crianças, foram salvos. Entretanto, o grupo disse ter feito 182 reféns no total e ameaçou matá-los se as forças de segurança não deixassem a área.
A polícia paquistanesa lançou uma operação com o uso de helicópteros e tropas especiais. Um agente de segurança disse à CNN que os militantes estavam usando “mulheres e crianças de escudos”. “A operação continuará até que o último terrorista seja eliminado”, afirmou a fonte. Testemunhas relataram intensa troca de tiros entre militares e insurgentes, além de uma explosão nas proximidades do túnel.
O BLA alegou ter matado 20 soldados e derrubado um drone, mas as autoridades paquistanesas não confirmaram a informação. O porta-voz do governo do Baluchistão, Shahid Rind, disse à CNN que “tiros intensos” foram relatados no trem e que o acesso aos vagões continua “desafiador”.
Luta separatista
A insurgência separatista na região existe há décadas, mas se intensificou nos últimos anos com a presença da China no porto de Gwadar, um dos principais projetos do plano de infraestrutura “Cinturão e Rota”, mais conhecido como “Nova Rota da Seda”, de Pequim.
Os militantes acusam o governo paquistanês de explorar os recursos naturais da província sem beneficiar sua população, tornando Baluchistão a área mais pobre do país. O porto, frequentemente alardeado como “a próxima Dubai”, se tornou um pesadelo de segurança com bombardeios persistentes de veículos que transportavam trabalhadores chineses, com muitos mortos.
Na semana passada, o Departamento Antiterrorismo do Baluchistão emitiu um alerta de ameaça referente a “um ataque planejado” pelo BLA e pediu que “todas as autoridades envolvidas tomem precauções e medidas de segurança extraordinárias para evitar qualquer ocorrência”.