O autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, denunciou nesta quinta-feira, 31, pelo Twitter, a tentativa de intimidação de sua família por agentes da Força de Ação Especial da Polícia Nacional Bolivariana (FAES). Segundo ele, policiais da força foram à sua casa em busca de informações sobre sua esposa.
No momento em que soube que os agentes de Nicolás Maduro estavam em sua residência, Guaidó participava de um evento na Universidade de Caracas. Em uma mensagem no Twitter, ele afirmou que, em antecipação ao que poderia ocorrer a sua família, tornava “o cidadão Nicolás Maduro responsável pela integridade” de sua filha, que estava na residência.
Assim que deixou a cerimônia, o opositor foi até sua casa acompanhado de sua equipe e de jornalistas. Os agentes não estavam mais no local. Sua mulher, Fabiana Rosales, e sua filha, Miranda, de 20 meses, estavam bem.
Em um breve pronunciamento aos jornalistas no local, Guaidó esclareceu que foi alertado sobre a presença dos agentes da FAES pelos seus vizinhos. A força é considerada a ala mais temível da Polícia Nacional.
Segundo testemunhas, quatro agentes chegaram ao local em uma motocicleta e em uma caminhonete. Os policiais perguntavam por Fabiana. “Não tinham nenhum tipo de ordem oficial. O objetivo era apenas gerar medo”, afirmou Guaidó, com a filha em seus braços. “Mas não conseguiram.”
“Não temos nada a temer, estamos fazendo o correto”, disse. “A família é sagrada. Os filhos são sagrados. A esposa é sagrada. Não ultrapassem a linha vermelha”, completou.
Guaidó se autoproclamou presidente interino na semana passada, argumentando que a reeleição de Maduro era ilegítima e que ele, como presidente da Assembleia Nacional, era o responsável por assumir o poder, segundo a Constituição.
Rapidamente, ganhou o apoio dos Estados Unidos e de vários países da América Latina, inclusive do Brasil. Nesta quinta-feira, 31, sua condição de presidente interino da Venezuela também foi reconhecida pelo Parlamento Europeu, que pediu para a União Europeia (UE) e os países do bloco legitimarem sua liderança.
Em seu pronunciamento à imprensa, após o incidente desta quinta, Guaidó aproveitou para pedir mais uma vez o apoio das Forças Armadas ao seu governo. O opositor salientou outra vez que concederá anistia a todos que se aliaram a ele e que não tiverem cometido crimes contra a humanidade.
Ele também ressaltou a importância da liberação da entrada de ajuda humanitária no país pelos militares.
Em entrevista ao jornal argentino Clarín publicada nesta quinta-feira, Fabiana Rosales, de 26 anos, afirmou acreditar que o fim do governo Maduro está próximo.
“Todos os dias passamos fome e necessidades”, afirmou. “São os militares que maltrataram os venezuelanos”.