O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira, 14, que a guerra na Ucrânia vai continuar, a menos que Kiev faça um acordo nos termos de Moscou. Ele acrescentou que os objetivos da sua “operação militar especial” seriam alcançados de qualquer maneira.
Em coletiva durante um evento, Putin afirmou que seus objetivos iniciais na Ucrânia “não mudaram” e que as forças russas, agora, tomaram a iniciativa no campo de batalha. Segundo ele, as principais intenções da Rússia continuam a ser a “desnazificação”, a “desmilitarização” e a garantia da neutralidade de Kiev.
“Praticamente ao longo de toda a linha de frente, as nossas forças armadas estão melhorando modestamente a sua posição. Praticamente todas estão numa fase ativa de ação”, disse Putin. “Quanto à desmilitarização, se [os ucranianos] não quiserem chegar a um acordo, seremos forçados a tomar outras medidas, incluindo medidas militares. Ou conseguimos um acordo, concordamos com certos parâmetros, ou resolvemos isso pela força.”
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que negociar com a Rússia seria impossível até que todos os soldados inimigos tenham sido expulsos do território ucraniano. Atualmente em posição enfraquecida, ele busca mais ajuda internacional para defender o país.
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O “homem certo”
Putin, que anunciou na semana passada sua intenção de concorrer à reeleição para ficar mais seis anos na presidência, se apresentou como o “homem certo” para liderar a Rússia em meio a um conflito que ele descreveu como “existencial” para a sobrevivência do país.
A respeito do campo de batalha, o chefe do Kremlin disse que um grupo de forças de elite ucranianas que cruzou o rio Dnipro, na Ucrânia, estava sendo reprimido.
“A abordagem [ucraniana] parece ser a de que, enquanto viajam e imploram [por ajuda do Ocidente], precisam mostrar que suas forças armadas podem conseguir, a todo o custo e com baixas indiscriminadas, algum tipo de de sucesso”, disse Putin. “Estamos simplesmente expulsando-os de lá, simples assim.”
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‘Gaza não é a nova Ucrânia’
Putin declarou ter detectado sinais de que a disposição do Ocidente em fornecer ajuda militar e financeira à Ucrânia estava diminuindo, mas que isso não significa o fim dos auxílios. O líder russo reiterou a sua retórica de que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para leste, em direção às fronteiras da Rússia, foi a causa fundamental do conflito.
“O desejo desenfreado de se aproximarem de nossas fronteiras, levando a Ucrânia para a Otan, tudo isto levou a esta tragédia. Eles forçaram-nos a estas ações”, justificou. “Quando ocorrerem mudanças internas [nos Estados Unidos], quando começarem a respeitar as outras pessoas… quando começarem a procurar meios termos em vez de tentarem resolver os seus problemas com sanções e intervenção militar, então estarão reunidas as condições fundamentais para restaurar relações plenas.”
O presidente ainda afirmou que comparações entre a guerra na Ucrânia e o conflito Israel-Hamas na Faixa de Gaza não eram precisas. A Rússia alega que os seus ataques aéreos, ao contrário de Israel, não visam civis, embora autoridades das Nações Unidas afirmem que mais de 10 mil ucranianos foram mortos desde o início do conflito, enquanto outros 18 mil ficaram feridos – uma estimativa que alertam ser subestimada.
“Veja a nossa operação militar especial [na Ucrânia] e o que está acontecendo em Gaza e sinta a diferença. Não há nada parecido”, disse Putin. “O secretário-geral das Nações Unidas chamou a Faixa de Gaza de o maior cemitério de crianças do mundo. É uma avaliação objetiva.”