O grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciou nesta terça-feira, 20, um “congelamento” e uma “crise aberta” nas negociações de paz com o governo da Colômbia, alegando o descumprimento dos termos acordados em 2022. O grupo acusou a administração de Gustavo Petro de realizar “ações violadoras do pactuado na Mesa de Conversações”.
A participação do governo em negociações regionais com comunidades na província de Narino também foi vista como um descumprimento de seu acordo com o ELN de manter um diálogo nacional, com o apoio de órgãos como as Nações Unidas.
O que diz o governo
A delegação do governo nos diálogos de paz publicou uma nota negando o descumprimento com o que foi negociado.
“As decisões tomadas unilateralmente pelo ELN são de sua total responsabilidade e geram uma crise desnecessária que prolonga o confronto armado e a violência que as comunidades sofrem”, afirmou nesta quarta-feira.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, um dos principais comandantes do ELN, Antonio García, prometeu responder com força a qualquer ruptura de um cessar-fogo, estendido por mais seis meses recentemente com o governo.
As negociações entre o governo e o grupo guerrilheiro recomeçaram em 2022 e fazem parte de uma tentativa de Petro de alcançar a “paz total” com diversos grupos armados. A Colômbia vive um conflito armado há seis décadas, que já matou pelo menos 450 mil pessoas.
O que é o ELN?
O Exército de Libertação Nacional da Colômbia é uma organização guerrilheira de caráter político-militar e inspirada na Revolução Cubana. Criado em 4 de julho de 1964 por Fabio Vasquez Castaño, o movimento é responsável pela maioria dos sequestros na Colômbia e dedica-se principalmente à sabotagem de infraestruturas públicas, nomeadamente da indústria petrolífera e da rede elétrica.
O ELN teve seu apogeu durante a segunda metade da década de 1990, contando com cerca de 35 mil guerrilheiros. Hoje, são liderados por Nicolás Rodríguez Bautista (conhecido como Gabino) e contam com cerca de 20 mil membros.