Guia das eleições nos EUA: o que você precisa saber sobre a disputa entre Kamala e Trump
Nas pesquisas de intenção de voto, os candidatos aparecem empatados e a corrida pela Casa Branca está em aberto
Mais de 244 milhões de americanos irão às urnas na próxima terça-feira, 5, quando serão realizadas as acirradíssimas eleições presidenciais dos Estados Unidos. A poucos dias da votação, o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris têm colocado todas as cartas à mesa para conquistar os eleitores indecisos — que podem impactar, e muito, os resultados do pleito que rachou a nação ao meio.
Eles aparecem cabeça a cabeça nas últimas pesquisas de intenção de voto: Harris com 49%, contra os 48% de Trump, segundo uma média de pesquisas nacionais do jornal americano The New York Times. Trata-se, portanto, de um empate técnico. Na prática, não há indícios precisos de quem será o próximo a comandar o país.
No centro dos holofotes, as eleições dos EUA introduziram uma gama de vocábulos, como “swing states” e “delegados”, e uma série de pontos de interrogação ao imaginário brasileiro, como a famosa dúvida: “Como pode um candidato vencer em nível nacional e perder as eleições?”. Veja o que você precisa saber para ficar por dentro de uma das disputas mais concorridas na história americana.
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Quais são as chapas?
Do lado democrata, Kamala Harris divide a chapa com o governador de Minnesota, Tim Walz. Ela é formada em ciência política, economia e direito — as duas primeiras foram cursadas na Universidade Howard, uma tradicional instituição conhecida por atender à população afro-americana, enquanto a última foi realizada na Faculdade de Direito da Universidade da Califórnia em São Francisco. Mais tarde, tornou-se promotora distrital de São Francisco, em 2004, e a primeira mulher a ser procuradora-geral da Califórnia, em 2011, especializada em casos de abuso sexual infantil. Após concorrer (e desistir) das primárias do Partido Democrata em 2019, foi eleita, ao lado de Joe Biden, vice-presidente dos EUA no ano seguinte.
Na ala republicana, o ex-presidente Donald Trump uniu forças com o senador J. D. Vance, de Ohio. Trump passou pela Academia Militar de Nova York e na Escola de Finanças e Comércio Wharton da Universidade da Pensilvânia. Em 1971, assumiu o comando da empresa imobiliária de seu pai, que passou a ser chamada de Trump Organization, expandindo seus negócios como um empresário de sucesso. Sem experiência na política, ele foi eleito presidente dos EUA em 2016, quando derrotou a democrata Hillary Clinton.
Alguns outros candidatos independentes também concorrem à presidência, mas não devem ter impacto significativo no resultado final.
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Como funcionam as eleições?
Qualquer cidadão americano que seja maior de 18 anos pode fazer o registro eleitoral nos Estados Unidos, onde a participação no exercício da democracia é facultativa. Em alguns estados, a votação antecipada já está em andamento. A maneira de votar e o formato das cédulas varia entre os estados, bem como o funcionamento do processo — em alguns locais, há urnas eletrônicas, embora grande maioria opte pelo impresso. Os eleitores também escolherão membros do Congresso, composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado.
Ao contrário do Brasil, vencer a maioria do voto popular, em nível nacional, não garante a eleição. O candidato precisa conquistar a maioria no Colégio Eleitoral — cada estado detém de um número de “delegados” proporcional à população, pessoas escolhidas por cada unidade federativa para votar diretamente em cada candidato em uma data posterior às eleições.
Ao todo, 538 delegados estão em disputa. Ganha, portanto, quem arrematar 270 ou mais. Em 48 Estados e em Washington, o candidato mais votado leva todo o Colégio Eleitoral. Ou seja, é possível que um candidato ganhe o maior número de votos nacionalmente, como foi o caso de Hillary em 2016, mas não alcançar a presidência pela falta de delegados suficientes.
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O que são estados-pêndulo?
Em meio à dura queda de braço entre Harris e Trump, sete estados ganharam protagonismo na corrida: Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia, Nevada, Arizona e Carolina do Norte. São os apelidados “swing states” (estados-pêndulo, em português), onde as preferências partidárias se alternam e cujos colégios eleitorais, por conta disso, definirão a eleição.
Juntos, esses estados controlam 93 delegados. Em 2020, o democrata Joe Biden venceu no Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin. Apenas Carolina do Norte ficou nas mãos de Trump, que foi derrotado e fracassou na reeleição. Todos os seis estados foram essenciais, portanto, para o triunfo democrata.
As últimas sondagens mostram que Harris tem dominado no Michigan, Wisconsin e Nevada, enquanto Trump tem superioridade no Arizona, Geórgia e Carolina do Norte. Pensilvânia parece ser um terreno nebuloso. Por lá, Kamala está à frente do rival por uma margem estreita (49% a 48%). Nos outros 43 estados, a disputa parece definida — segundo as pesquisas, ou o Partido Democrata ou o Partido Republicano tem no mínimo 60% de chance de cantar vitória.
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Como acompanhar e quando saem os resultados?
É possível acompanhar o desenrolar do pleito, estado por estado, através do mapa interativo da 270toWin, um site apartidário e não financiado. VEJA também acompanhará de perto os resultados com a equipe completa de Mundo.
Há mapas organizados ainda pela imprensa internacional, como na The Economist, Politico e CNN.
No geral, o vencedor é anunciado ainda na noite de eleição, ou seja, ainda em 5 de novembro. Mas, em 2020, durante a pandemia de Covid-19, a situação foi mais complicada: foram necessários dias até que todos os votos fossem contados e os resultados, anunciados. Nos EUA, a apuração é dividida em contagem e certificação através dos estados, demandando tempo. Ou seja, a contagem começa às 19h da terça-feira, 5 (20h no horário de Brasília), mas não é possível prever exatamente quando o novo presidente americano será anunciado.
Após o presidente eleito ser declarado, inicia-se o período de transição. São nomeados os ministros do novo governo e esquematizados os planos para o mandato. A posse é realizada em janeiro, em cerimônia no Capitólio, em Washington.