Guiana diz que vai acionar Conselho de Segurança da ONU sobre Essequibo
Presidente Irfaan Ali chamou Venezuela de 'fora da lei' após Nicolás Maduro anunciar mapa da nação com a região guianesa anexada
O presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, disse nesta quarta-feira, 6, que pretende acionar o Conselho de Segurança das Nações Unidas depois de a Venezuela divulgar um novo mapa do país com o território de Essequibo anexado, região rica em petróleo que está em disputa.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, entregou na terça-feira 5 uma proposta de lei à Assembleia Nacional para criar a província venezuelana “Guiana Esequiba”, incorporando o território do vizinho. Ele também ordenou que a petroleira estatal PDVSA conceda licenças para a exploração de petróleo, gás e minerais na área.
A hipótese de acionar o Conselho de Segurança já havia sido ventilada pelas autoridades do país caso a situação escalasse.
“Alerta máximo”
Ifaan Ali afirmou que as ações de Maduro são um “desrespeito flagrante” à decisão da Corte Internacional de Justiça (CJI), que proibiu a Venezuela de tentar anexar Essequibo.
“A Força de Defesa da Guiana está em alerta máximo. A Venezuela declarou-se claramente uma nação fora da lei”, afirmou o presidente da Guiana, acrescentando que também conversou com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Disputa histórica
A posse de Essequibo foi concedida em 1899 à Guiana, à época uma colônia inglesa, por meio de arbitragem feita pelos Estados Unidos. A Venezuela questiona desde então a decisão e, em 1966, chegou a firmar um acordo com a Inglaterra, que reconhecia como nulo o Laudo Arbitral. Naquele mesmo ano, no entanto, a Guiana conquistou a independência, o que na prática manteve o acordo em suspenso até hoje. Desde então, a Venezuela considera o caso em aberto, à espera de uma solução.
A disputa voltou a esquentar em 2015, quando foi descoberto petróleo na região de Essequibo. Estima-se que na Guiana existam reservas de 11 bilhões de barris, sendo que a parte mais significativa é “offshore”, ou seja, no mar. Por causa das reservas fósseis, a Guiana tornou-se o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos.
Investidores
Um consórcio liderado pela Exxon Mobil começou a produzir petróleo na costa da Guiana no final de 2019, e as exportações começaram em 2020. O presidente da Guiana afirmou que os investidores do país não precisam se preocupar com as ameaças venezuelanas.
“Nossa mensagem é muito clara: seus investimentos estão seguros”, declarou. “Nossos parceiros e a comunidade internacional estão prontos e nos garantiram apoio.”