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Gustavo Petro é eleito presidente da Colômbia em disputa acirrada

Ex-guerrilheiro, ex-prefeito de Bogotá e senador, ele é o primeiro político de esquerda a liderar o país

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 jun 2022, 20h03 - Publicado em 19 jun 2022, 19h08

Gustavo Petro é o novo presidente da Colômbia. O candidato do Pacto Histórico, de esquerda, derrotou Rodolfo Hernández, da Liga de Governantes Anticorrupção, e foi eleito no segundo turno das eleições, realizadas neste domingo, 19. Os dois candidatos foram às urnas praticamente empatados, de acordo com as últimas pesquisas. Analistas políticos locais temem que a vitória muito apertada leve a pedidos de recontagem e disputas judiciais. Com mais de 95% das urnas apuradas, o concorrente vitorioso se impôs com 50,50% dos votos, contra 47,16% do empresário.

Na chapa de Petro, foi eleita como vice a a ex-empregada doméstica, advogada feminista e ativista pelo meio ambiente e contra o racismo Francia Márquez. Em uma publicação no seu perfil no Twitter, o candidato escreveu que é dia de festa para o povo colombiano: “Hoje, é feriado para o povo. Que ele celebre a primeira vitória popular. Que tantos sofrimentos sejam amortecidos na alegria que hoje inunda o coração da Pátria. Esta vitória para Deus e para o Povo e sua história. Hoje é o dia das ruas e praças”.

O presidente eleito derrotou Hernández, que durante a campanha foi impulsionado por promessas anticorrupção, planos para encolher o governo e cortar moradia para os pobres. Sobre o candidato derrotado, no entanto, pesa uma investigação da Procuradoria-Geral por supostamente intervir em uma licitação de coleta de lixo, quando era prefeito de Bucaramanga, para beneficiar uma empresa para a qual seu filho fazia lobby. O empresário nega as acusações e apoiadores gostam de sua imagem antiestablishment.

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Petro, ex-prefeito de Bogotá e atual senador, prometeu melhorar as condições sociais e econômicas de um país onde metade da população vive em alguma forma de pobreza. Aos 62 anos, o candidato de esquerda deve assumir a Presidência do país ainda sob impacto das cicatrizes deixadas por décadas de violência alimentada pela ação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e grupos guerrilheiros menores.

Na juventude, Petro integrou um desses grupos armados, o Movimento 19 de Abril (M-19), e passou pela clandestinidade (seu codinome era Comandante Aureliano, personagem de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez), prisão e tortura até a facção se desmobilizar e virar partido político nos anos 1990.

Em sua campanha, Petro bateu nas teclas da justiça social, da sustentabilidade e do fim do autoritarismo. A intenção do senador e seu partido, Colombia Humana, é romper o sistema. Nesse sentido, têm na mira as famílias mais ricas do país (nas suas contas, “4 000 a 5 000 pessoas”) — os alvos principais de uma reforma fiscal que pretende arrecadar 10 bilhões de dólares por ano elevando impostos sobre dividendos de empresas, ativos offshore e grandes propriedades rurais.

O próximo presidente da Colômbia receberá uma economia em crescimento, após profunda crise causada pela pandemia de Covid-19. O PIB do país cresceu um recorde de 10,7% em 2021 e deve subir 6,5% em 2022. O déficit do governo deve atingir 5,6% do PIB, em comparação com uma meta anterior de 6,2%.

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