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Haddad: ‘Vamos avaliar se proposta do Uruguai é compatível com Mercosul’

Ministro da Fazenda do governo Lula está na Argentina para cúpula do fórum latino-americano Celac; comitiva vai a Montevidéu na quarta-feira, 25

Por Caio Saad, de Buenos Aires, e Amanda Péchy
Atualizado em 25 jan 2023, 06h39 - Publicado em 24 jan 2023, 10h03
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  • À margem da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que ocorre nesta terça-feira, 24, o ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, disse que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa avaliar se as propostas do Uruguai para o Mercosul são compatíveis com os interesses do bloco.

    Quando perguntado sobre sua opinião acerca do que propõe o governo uruguaio para o mercado comum, ele respondeu: “Isso veremos amanhã.”

    Lula e sua comitiva vão viajar da Argentina, onde participaram de uma reunião bilateral com o governo argentino na segunda-feira 23, para o Uruguai na quarta-feira, 25, para um encontro com o presidente Luis Lacalle Pou, um dos únicos chefes de Estado de centro-direita restantes na América Latina.

    Há dois anos, o Uruguai apresentou uma proposta para flexibilizar as negociações do Mercosul e permitir que países integrantes façam acordos comerciais unilaterais com terceiros.

    De acordo com o rascunho do documento distribuído pelo Ministério do Exterior uruguaio, a proposta estabelece que, sob algumas condições, os países integrantes poderão iniciar negociações “seja de maneira coletiva, seja de maneira individual”.

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    “Os países que iniciarem negociações devem informar ao GMC (Grupo Mercado Comum), órgão executivo do Mercosul e fornecer as informações que lhes forem solicitadas. Da mesma forma, deverão manter o GMC informado sobre a evolução e progresso das negociações”, diz o texto da proposta uruguaia.

    Montevidéu tem interesse em flexibilizar a atuação do bloco para contornar as burocracias – e atrasos – de negociações multilaterais, com foco em acordos com Estados Unidos e China. Embora tenha sido criado há quase três décadas, o Mercosul ainda está longe de azeitado.

    “Não tenho conhecimento dos termos em que está sendo negociado o acordo da China com o Uruguai. Mas faremos uma visita para fortalecer o Mercosul. Eu acredito que a América do Sul, o destino dela de sucesso, passa pelo bloco econômico. Quanto a isso, eu não tenho nenhuma dúvida”, disse Haddad na Celac.

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    Embora o bloco ainda não tenha batido o martelo sobre a proposta, ela não foi muito bem recebida. Em novembro passado, os coordenadores nacionais de Brasil, Argentina e Paraguai no Mercosul enviaram um alerta ao Uruguai após o país ter supostamente agido individualmente em busca de acordos comerciais de teor tarifário.

    Em nota conjunta, Brasil, Argentina e Paraguai disseram ter informado o Uruguai que se reservam ao “direito de adotar as eventuais medidas que julgarem necessárias para a defesa de seus interesses” jurídicos e comerciais.

    Enquanto o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro foi mais receptivo às propostas, é difícil que Lula, alinhado à esquerda e aos interesses da América Latina como região, ceda à flexibilização. Mas, como disse Haddad, “isso veremos amanhã”.

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