O conselho de transição do governo do Haiti nomeou o empresário e ex-candidato ao Senado Alix Didier Fils-Aimé como novo primeiro-ministro nesta segunda-feira, 11, substituindo Garry Conille, que ocupava o cargo desde maio. A mudança ocorre em meio ao agravamento da violência das gangues, que controlam grande parte da capital Porto Príncipe.
Alix Didier Fils-Aimé é filho do conhecido ativista haitiano Alix Fils-Aimé, que foi preso durante o regime de Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier. Fils-Aimé assume o cargo com o desafio de lidar com uma situação política instável, marcada por disputas internas dentro do conselho de transição, que foi criado em abril com a missão de restaurar a estabilidade e organizar novas eleições.
Desde a queda do presidente Jovenel Moïse, em 2021, o Haiti não realiza eleições democráticas e está sendo governado por um conselho de transição. O órgão tem o objetivo de restaurar a estabilidade política, mas tem sido enfraquecido por disputas internas. Além disso, a implementação de reformas e o avanço de um processo eleitoral têm sido paralisados por desentendimentos entre seus membros e acusações de corrupção.
O apoio internacional prometido ao Haiti ainda é insuficiente, e nações vizinhas têm deportado haitianos que tentam fugir da violência. Apesar de visitas do primeiro-ministro Conille a países como os Emirados Árabes Unidos e Quênia em busca de apoio para combater as gangues, a situação continua a piorar, especialmente após um ataque recente que matou pelo menos 70 pessoas.
Conille, que já havia liderado o país no passado, expressou em uma carta circulada nas redes sociais no domingo, 10, que a resolução do conselho de transição que o destitui do cargo não tem base legal e constitucional. Segundo Conille, o conselho só teria poder para nomear um novo primeiro-ministro, mas não para demitir o atual.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) e outras instituições internacionais tentaram mediar, na semana passada, os conflitos internos entre as facções haitianas, mas sem sucesso. Em um episódio recente, três membros do conselho de transição foram acusados de corrupção após um suposto esquema de suborno envolvendo uma quantia de US$ 750.000. Os envolvidos na trama estavam entre os signatários do decreto que nomeou Fils-Aimé, enquanto um membro se absteve de assinar.