Hamas deve libertar 33 reféns na primeira fase de cessar-fogo, diz autoridade israelense
Catar, um dos principais mediadores das negociações para o fim da guerra, apresentou a Israel e ao Hamas um rascunho final de um acordo nesta segunda

O grupo militante palestino Hamas deve libertar 33 reféns durante a primeira fase de um acordo de cessar-fogo, segundo duas autoridades israelenses ouvidas pela emissora americana CNN. Mais cedo, nesta segunda-feira, 13, o Catar, um dos principais mediadores das negociações para o fim da guerra em Gaza, apresentou a Israel e ao Hamas um rascunho final de um acordo, após o que uma autoridade próxima ao assunto chamou, em entrevista à agência de notícias Reuters, de “avanço”.
Israel acredita que a maioria dos 33 reféns está viva, disse uma autoridade israelense sênior a repórteres nesta segunda-feira, mas os corpos dos reféns falecidos provavelmente também estarão entre os libertados durante o cessar-fogo inicial de 42 dias.
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Israel acredita que dois terços dos 100 reféns ainda mantidos em Gaza estão mortos. Esse número inclui três que foram mortos por engano por soldados das FDI e outro que faleceu em uma missão de resgate fracassada. O Hamas alegou que vários morreram devido a bombardeios israelenses.
Desde os ataques de outubro de 2023, mais de 46.000 palestinos foram mortos em Gaza, de acordo com autoridades de saúde palestinas, com grande parte do enclave devastada e a maioria da população do território — deslocada diversas vezes — enfrentando escassez aguda de alimentos e medicamentos devido às ações de Israel, dizem agências humanitárias.
Segundo a Reuters, o texto do possível cessar-fogo foi elaborado em negociações em Doha, que incluíram os chefes das agências de espionagem israelenses Mossad e Shin Bet e o primeiro-ministro do Catar, o xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, bem como Steve Witkoff, que se tornará o enviado de Trump para o Oriente Médio quando ele assumir o cargo na próxima segunda-feira, 20.
“As próximas 24 horas serão cruciais para chegar ao acordo”, disse a fonte da Reuters. A rádio israelense Kan, citando um funcionário do governo do país, também informou que as delegações de Israel e do Hamas já estão em posse do rascunho do acordo. Autoridades de ambos os lados descreveram progresso nas negociações.
Impasse
Os Estados Unidos, o Catar e o Egito, como mediadores, trabalharam por mais de um ano em negociações para encerrar a guerra em Gaza — até agora sem sucesso.
Ambos os lados concordaram por meses sobre o princípio de interromper os combates em troca da libertação de reféns em posse do Hamas e palestinos detidos em prisões israelenses. No entanto, o grupo terrorista palestino sempre insistiu em que o acordo deveria levar ao fim permanente da guerra e à retirada completa dos soldados de Tel Aviv, enquanto Israel reiterou que não encerrará o conflito até que a organização inimiga seja desmantelada.
A posse de Trump, porém, é agora vista na região como uma espécie de prazo. O presidente eleito dos Estados Unidos disse que o Hamas pagaria “um inferno” a menos que os reféns israelenses fossem libertados antes de ele assumir o cargo, enquanto o atual presidente americano, Joe Biden, também aumentou a pressão por um acordo antes de deixar a Casa Branca, com o objetivo implícito de construir um legado importante para seu mandato.
Até as primeiras horas desta segunda-feira, Witkoff, que também se encontrou com Benjamin Netanyahu no sábado, pressionou a delegação israelense em Doha para aceitar o acordo, enquanto o primeiro-ministro do Catar fez pressão junto às autoridades do Hamas.
Biden também falou por telefone com o premiê israelense no domingo, 12, enfatizando “a necessidade imediata de um cessar-fogo em Gaza e o retorno dos reféns com um aumento na ajuda humanitária possibilitada por uma paralisação nos combates”, disse a Casa Branca.
No entanto, ainda há divergências. O ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, um nacionalista linha-dura que se opôs a tentativas anteriores de chegar a um acordo, denunciou as últimas propostas como uma “rendição” e uma “catástrofe para a segurança nacional do estado de Israel”.