O Hezbollah, milícia libanesa apoiada pelo Irã e aliada do grupo palestino radical Hamas, culpou Israel pela explosão de centenas de pagers no Líbano e em partes da Síria nesta terça-feira, 17, e prometeu uma “punição justa” contra o governo israelense. Ao menos 11 pessoas morreram e cerca de 4.000 ficaram feridas — 200 delas em estado crítico, segundo o ministro da Saúde do Líbano, Firass Abiad.
Os mortos incluem dois combatentes da milícia, que também afirmou que abrirá uma investigação sobre o incidente. Entre eles estava o filho de Ali Ammar, membro da ala política do Hezbollah no Parlamento do Líbano, de acordo com a agência de notícias Reuters.
Um oficial do Hezbollah disse à Associated Press que as explosões representam a “maior violação de segurança” à qual o grupo foi submetido em quase um ano de conflito com Israel — com quem tem trocado disparos pela fronteira desde a eclosão do conflito em Gaza, em 7 de outubro.
“O inimigo (Israel) está por trás deste incidente de segurança”, disse o oficial, acrescentando que as explosões foram resultado de “uma operação de segurança que teve como alvo os dispositivos”. Segundo ele, os pagers tinham baterias de lítio que aparentemente explodiram.
Estima-se que o grupo libanês tenha sofrido uma baixa de cerca de 400 combatentes em ataques israelenses, incluindo seu principal comandante, Fuad Shukr, em julho. Em entrevista à emissora libanesa Al Jadeed, Hussein Khalil, membro do alto escalão do Hezbollah, prometeu lidar “com o inimigo (Israel) na linguagem que ele entende”.
“Este não é um ataque de segurança contra uma, duas ou três pessoas. Este é um ataque contra uma nação inteira”, disse Hussein Khalil, alto funcionário do Hezbollah, oferecendo condolências a Ali Ammar.
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Entenda o incidente
Diversos pagers foram detonados no sul do Líbano, nos subúrbio de Beirute e no vale oriental de Bekaa. As regiões são redutos do Hezbollah. Os pagers são utilizados pelos militantes libaneses para comunicação, já que as Forças de Defesa de Israel (FDI) não conseguem rastreá-los, devido a sua baixa tecnologia. Ou seja, o radicais conseguem mandar e receber mensagens sem a interferência de Tel Aviv.
O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, já havia pedido para que os membros não utilizem celulares, afirmando que Israel poderia rastrear suas localizações e realizar ataques direcionados. O Ministério da Saúde do Líbano pediu que todas as pessoas que possuem pagers se afastem dos aparelhos para prevenir novos acidentes e que os profissionais de saúde evitem usar dispositivos portáteis.
Em meio ao elevado número de feridos, o ministro da Informação do Líbano, Ziad Makar, definiu a detonação dos pagers como uma “agressão israelense”.