A democrata Hillary Clinton assumiu a responsabilidade por perder as eleições presidenciais dos Estados Unidos no ano passado, mas afirmou que a interferência da Rússia, decisões duvidosas por parte do FBI e a misoginia foram determinantes para o resultado favorável a Donald Trump. Em dezembro do ano passado, Hillary já havia atribuído a derrota a James Comey, diretor do FBI e ao presidente russo Vladimir Putin.
A democrata ofereceu extensos comentários sobre as eleições durante o almoço anual da organização Women for Women International, em Nova York. Hillary prepara um livro com suas memórias e disse que o processo de reviver a corrida presidencial de 2016 é “doloroso”.
“Não foi uma campanha perfeita. Não existe tal coisa”, disse ela, em uma sessão de perguntas e respostas com Christiane Amanpour, da rede de TV americana CNN. “Mas eu estava no caminho certo para ganhar até que uma combinação da decisão do FBI de investigar os meus e-mails, em 28 de outubro, e a divulgação de conteúdo pelo WikiLeaks levantou dúvidas na mente das pessoas que estavam inclinadas a votar em mim.”
Hillary lembrou ao público do local, majoritariamente feminino, que ela obteve mais votos do que o presidente Donald Trump. “Se a eleição fosse em 27 de outubro, eu seria presidente”, disse.
Ela também destacou o papel da Rússia, em relação a uma possível interferência de Moscou em seus e-mails, que foram vazados pelo WikiLeaks. As agências de inteligência americanas ainda estão investigando se a Rússia coordenou com a equipe de campanha de Trump uma possível interferência na eleição.
“Ele [o presidente russo Vladimir Putin] certamente interferiu na nossa eleição”, disse Hillary. “E está claro que ele interferiu para me atrapalhar e ajudar meu oponente.”
Questionada sobre se seria vítima de misoginia, Hillary afirmou que acha que esse fator desempenhou um papel e que a misoginia está presente nos Estados Unidos “politicamente, socialmente e economicamente”.
Após duas campanhas presidenciais mal sucedidas, a democrata não deve concorrer novamente a cargos públicos. “Agora eu voltei a ser uma cidadão ativista e parte da resistência”, disse.
(com Estadão Conteúdo)