Dezenas de vilarejos da minoria rohingya foram destruídos com tanques na região oeste de Mianmar nos últimos meses, denunciou a organização Human Rights Watch (HRW) nesta sexta-feira.
Imagens de satélite divulgadas pela ONG mostram zonas inteiras devastadas. Segundo a análise das fotos feita pela HRW e divulgada pela agência de notícias Associated Press, pelo menos 55 vilarejos foram destruídos ao norte do Estado de Rakhine, nos arredores da cidade de Maungdaw, epicentro da violência contra a minoria no país.
“Muitas aldeias foram cenário de atrocidades contra os rohingyas e deveriam ser preservadas para que especialistas nomeados da ONU investigassem”, disse Brad Adams, diretor da HRW para a Ásia.
Uma das imagens, tirada em dezembro de 2018, mostra uma área próxima a um rio, onde antes estava um grande vilarejo. Na foto é possível ver muitas casas queimadas e grande destruição. Confira:
Os rohingyas, uma minoria muçulmana, são vítimas de frequentes ataques de gangues budistas e do Exército birmanês em Mianmar. Segundo denúncias recentes, após a escalada no conflito em agosto, diversas vilas foram incendiadas e muitos muçulmanos perseguidos e assassinados.
Quase 700.000 rohingyas fugiram de Mianmar para o vizinho Bangladesh desde a explosão de violência em 2017. A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica a ação contra a minoria em território mianmense como sendo uma campanha de limpeza étnica.
O Exército de Mianmar admitiu recentemente que soldados e habitantes budistas da região mataram rohingyas a sangue frio, no primeiro reconhecimento público de violações dos direitos humanos após meses negando as acusações.
Etnia perseguida
Os rohingyas são a etnia mais perseguida do planeta, segundo agências da ONU. Não são reconhecidos pelo governo de Mianmar e por isso são proibidos de estudar, de utilizar hospitais, de casar, de ter filhos e de se locomover entre cidades sem autorizações do governo, as quais são frequentemente impossíveis de se obter.
Rohingyas pegos desrespeitando essas regras – como, por exemplo, vivendo juntos sem terem obtido a permissão para se casar – são frequentemente subjugados com trabalho forçado, espancamentos ou prisões.