Jornalistas e veículos de comunicação da Venezuela sofreram 113 agressões durante o primeiro semestre de 2018, denunciou na terça-feira (26) o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP). No período, 24 jornalistas foram detidos e 87 atacados por “órgãos de segurança do Estado”.
“De janeiro a junho de 2018 foram contabilizados 113 atos de agressão”, destacou o relatório do SNTP, que incluiu também entre as medidas adotadas pelo governo o fechamento de jornais por falta de papel, sanções e bloqueios a sites na internet e até mesmo barreiras contra veículos da mídia.
Segundo o documento, oito jornais tiveram de fechar neste ano por falta de papel, cuja importação é monopolizada por uma empresa estatal. Vários portais de notícias sofreram bloqueios da estatal CANTV, principal provedor de telefonia e internet do país.
O SNTP ressalta ainda a sanção à página na internet do jornal El Nacional, o principal meio crítico ao governo, durante a fase de questionamentos sobre a reeleição do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em 20 de maio. Em 2017, segundo a organização não-governamental Espacio Público, 51 veículos de comunicação deixaram de operar na Venezuela.
Para o SNTP, a situação é de “censura imposta pelo governo nacional” e “fechamento de veículos por medidas diretas ou indiretas, que buscam frear e controlar a crítica e a auditoria social”.
Ante “a falta de garantias para o exercício (do jornalismo) e a permanente perseguição”, o sindicato alerta sobre um êxodo de comunicadores do país. Desde 2012, 1.328 jornalistas deixaram o país, razão pela qual a entidade pede à Federação Internacional de Jornalistas (FIP) que facilite a eles “o exercício profissional” em seus países de acolhida.