O ex-astro de críquete Imran Khan proclamou-se nesta quinta-feira (26) vitorioso nas eleições gerais do Paquistão realizadas ontem. A votação foi ofuscada por um longo atraso na contagem de votos e alegações de fraudes feitas pela maioria dos oponentes de Khan.
“Quero agradecer a Alá por esta oportunidade para servir o país”, afirmou o já autoproclamado próximo primeiro-ministro do Paquistão, em discurso televisionado em sua residência em Islamabad.
Mas apoiadores do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, preso desde 13 de julho para cumprir 10 anos de prisão, alegaram que a votação foi manipulada e a classificaram como um ataque à democracia em um país que tem um histórico de governos militares.
Khan pediu laços “mutuamente benéficos” com os Estados Unidos, aliados de ocasião do Paquistão, e ofereceu um ramo de oliveira à arqui-inimiga Índia, dizendo que as duas nações deveriam resolver sua disputa já antiga sobre a Caxemira.
Com cerca de metade dos votos da eleição de quarta-feira (25) contados, o partido Movimento por Justiça no Paquistão (PTI) de Khan tinha uma ampla vantagem na nação de maioria muçulmana e detentora de armas nucleares, disse a comissão eleitoral.
O PTI obteve até agora 53 das 272 cadeiras possíveis na Assembleia Nacional, seguido pela Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N) de Sharif, com 17, segundo dados da Comissão Eleitoral do Paquistão (ECP). Uma confirmação oficial sobre o resultado deve ser anunciada mais tarde nesta quinta.
O mercado de ações subiu quase 2% no início do pregão devido à expectativa de que Khan será capaz de montar uma coalizão estável.
O PML-N e o rival Partido do Povo do Paquistão (PPP) disseram que em muitas zonas eleitorais seus monitores ou foram expulsos durante a contagem ou não receberam notificações oficiais sobre os resultados daquele distritos, e sim contagens manuais que não conseguiram verificar.
“É uma farsa total. A maneira como o mandato do povo foi descaradamente insultado, é intolerável”, disse Shehbaz, presidente do PML-N e irmão de Nawaz Sharif, em uma coletiva de imprensa em meio à contagem de votos.
O Paquistão enfrenta uma crise econômica crescente que deve exigir um pacote de socorro do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas o PTI não descartou pedir ajuda à China, a aliada mais próxima de Islamabad.
Ex-astro de críquete
Khan se ofereceu para investigar todas as alegações de manipulação e disse querer “unir” o país sob sua liderança.
O campeão do mundo de críquete em 1992 disse que não se mudará para a residência oficial de primeiro-ministro e que transformará outros prédios do Governo em edifícios públicos. “Ficaria envergonhado de morar lá. Queremos transformá-la em uma instituição educacional ou pública”, disse Khan.
O político afirmou que sua “inspiração” é o profeta do Islã, Maomé, que criou um “estado de bem-estar” que prometeu recriar durante a campanha eleitoral. Também afirmou que Mohammed Ali Jinnah, fundador do Paquistão, foi uma inspiração.
(Com EFE e Reuters)