O índice de reprovação do governo do presidente do Chile, Sebastián Piñera, atingiu um recorde após dias de protestos que levaram o país à pior crise social desde o retorno à democracia, em 1990. Segundo uma pesquisa realizada entre 23 e 24 de outubro, 78% estão insatisfeitos com a gestão do mandatário.
A aprovação de Piñera, portanto, chegou a apenas 14%, o nível mais baixo para um presidente desde que o país abandonou a ditadura. A pesquisa foi realizada pelo instituto de análises Cadem.
A “má gestão dos protestos” e “má administração em geral” foram os principais motivos apresentados pelos entrevistados para o descontentamento, mas os resultados também mostraram uma rejeição às medidas anunciadas pelo presidente durante a semana para tentar conter a crise.
Piñera anunciou um pacote de medidas para tentar acalmar os ânimos e conter as manifestações, mas não foi suficiente. Os protestos continuaram. A população argumenta que nenhuma das medidas anunciadas terá aplicação imediata e que são iniciativas que ainda terão de passar pelo Congresso.
Neste sábado 26, o presidente chileno anunciou que pediu para seus ministros colocarem os cargos à disposição, a fim de reformular o gabinete e enfrentar as novas demandas. “Estamos em uma nova realidade, o Chile é diferente do que tínhamos há uma semana”, explicou.
Um dos ministros mais questionados pela opinião pública é Andrés Chadwick, à frente da pasta do Interior e da Segurança Pública, primo do mandatário. Piñera também anunciou que pretende encerrar o estado de emergência a partir deste domingo.
Até então, os índices de aprovação mais baixos já registrados no Chile eram os da ex-presidente Michelle Bachelet em 2016, que chegaram a 18% durante um escândalo envolvendo seu filho, Sebastián Dávalos, acusado de tráfico de influência.
A última pesquisa sobre os índices de aprovação de Piñera foi realizada em 18 de outubro, quando o presidente tinha 29% de aprovação e 58% de reprovação.
As entrevistas do Cadem foram realizadas entre quarta e quinta-feira desta semana, antes da grande manifestação de sexta-feira 25, que reuniu pelo menos 1 milhão de pessoas de diversas orientações políticas e classes sociais.
Os protestos no Chile foram originados por uma subida no preço dos bilhetes de metrô, há mais de uma semana, e acabaram por escalar para um movimento nacional contra a situação econômica no país.
Desde o início dos protestos já morreram pelo menos 18 pessoas e 7.000 foram detidas. O comércio chileno também tem sido afetado.
(Com AFP)