O ministro do Comércio da Rússia anunciou que o país e a Índia estão discutindo um acordo de livre comércio (ALC). De acordo com comunicado de Moscou emitido nesta segunda-feira, 17, esse acordo pode aprofundar os laços comerciais bilaterais que floresceram desde o início da guerra na Ucrânia.
“Prestamos atenção especial às questões de acesso mútuo da produção aos mercados de nossos países”, disse o vice-primeiro-ministro russo, Denis Manturov, que também é ministro do Comércio, em um evento em Nova Délhi. “Juntamente com a Comissão Econômica da Eurásia, esperamos intensificar as negociações sobre um acordo de livre comércio com a Índia.”
O ministro das Relações Exteriores da Índia, S. Jaishankar, disse que a pandemia interrompeu as discussões sobre um acordo entre a Índia e a União Econômica da Eurásia, liderada pela Rússia, e que esperava que “nossos colegas percebessem isso, porque acreditamos que isso possa fazer uma diferença real em nossa relação comercial”.
Manturov afirmou ainda que materiais e equipamentos para construção de estradas, produtos químicos e farmacêuticos estão em demanda no território russo e “tenho certeza de que isso criará oportunidades para as empresas indianas aumentarem seus suprimentos para a Rússia”.
Apesar dos apelos do Ocidente para que a Índia se distancie de seu fornecedor dominante de armas, a Rússia, as negociações do acordo marcam um avanço nas relações econômicas entre os dois países. As importações russas na Índia mais do que quadruplicaram para US$ 46,33 bilhões, cerca de R$ 228 bilhões, no último ano fiscal, principalmente por meio do petróleo.
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O anúncio acontece em um momento em que Nova Délhi também está negociando um acordo de livre comércio com o Reino Unido, a União Europeia e com o Conselho de Cooperação do Golfo.
Em novembro, a agência de notícias Reuters informou que a Rússia estava potencialmente tentando importar mais de 500 produtos da Índia para setores-chave, incluindo carros, aeronaves e trens. As sanções ocidentais impostas à Rússia devido à invasão da Ucrânia prejudicaram a capacidade do país de manter as principais indústrias operando.
Manturov também disse que a Rússia consideraria ampliar o uso de “moedas nacionais e moedas de países amigos”. A Índia está empenhada em aumentar o uso da rúpia para o comércio com a Rússia, segundo Jaishankar, que também afirmou que os negócios indianos podem se beneficiar da tecnologia russa.
Antes da guerra, que começou em fevereiro de 2022, a Índia comprava pouco petróleo russo. Porém, o comércio bilateral entre as nações aumentou ao longo do conflito e, no mês passado, a Rússia ultrapassou o Iraque como a principal fonte de equipamento militar do país.
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Nova Délhi não condenou explicitamente a invasão russa e pediu uma resolução pacífica do conflito por meio do diálogo. Por sua vez, Moscou está se esforçando para impulsionar o comércio com China e Índia para evitar o impacto das sanções ocidentais.
Moscou também está tentando aumentar ou manter a cooperação com outros países do sul da Ásia, concordando mais recentemente em fazer pagamentos em yuan para a construção de uma usina nuclear em Bangladesh e discutindo descontos nas exportações de petróleo para o Paquistão.
Negócios à vista
Além da aproximação russa, a Índia vai receber a primeira loja de varejo da gigante Apple esta semana. O presidente-executivo da fabricante do iPhone, Tim Cook, vai viajar até o país para uma reunião com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e seu vice-ministro de Eletrônica e Tecnologia da Informação, Rajeev Chandrasekhar.
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As reuniões ocorrem em meio ao crescente foco da Apple na Índia, o segundo maior mercado de smartphones do mundo. De acordo com a India Cellular and Electronics Association, cerca de US$ 9 bilhões, ou R$ 44 bilhões, em smartphones foram exportados da Índia entre abril de 2022 e fevereiro deste ano. Os iPhones representaram mais de 50% do valor.
Uma loja da Apple em Mumbai vai ser aberta para o público nesta terça-feira, 18, enquanto uma segunda loja será inaugurada em um shopping de Nova Délhi na quinta-feira, 20. Até o momento, a Apple só vendia seus produtos na Índia por meio de revendedores ou sites de comércio eletrônico, como a Amazon.