Internação de papa Francisco faz parte de longo histórico de problemas de saúde
Agora em tratamento contra bronquite, o pontífice já passou por várias cirurgias – e problemas respiratórios foram tema do seu conclave

Durante o conclave que o elegeu papa em 2013, a saúde de Jorge Mario Bergonglio, o cardeal argentino que veio a se tornar o papa Francisco, foi um tema que circulou entre os cardeais. Quando questionado se ele realmente não tinha um dos pulmões, o pontífice esclareceu que havia sido operado na juventude para remover apenas parte do órgão, mas que isso nunca afetou sua capacidade de trabalho. Foi a pergunta sobre sua condição física que o fez perceber que seu nome estava ganhando força e que poderia, de fato, ser escolhido para liderar a Igreja Católica.
No mais recente episódio de um longo histórico de problemas de saúde ao longo de seus 88 anos, Francisco foi internado em Roma, na Itália, nesta sexta-feira 14, para tratar de uma bronquite e realizar exames, de acordo com o Vaticano.
Em audiências religiosas nos últimos dias, o pontífice teve dificuldades para ler o sermão e precisou pedir ajuda para um assessor realizar a tarefa. Ele descreveu que estava com “dificuldades respiratórias”.
O papa sofreu com problemas de saúde diversas vezes nos últimos anos. Além de gripe e bronquite, ele também teve dores nos joelhos e nos quadris, inflamação do cólon e precisou operar uma hérnia.
Problemas pulmonares
No início de sua vida religiosa, quando tinha apenas 21 anos, Francisco desenvolveu pleurisia e precisou remover o lobo superior de seu pulmão direito. A informação só veio a público em 14 de março de 2013, um dia depois dele ter sido escolhido como papa.
O pontífice afirma que nunca precisou “limitar ou cancelar nenhuma atividade programada” devido à cirurgia realizada em 1957. “Nunca senti cansaço ou falta de ar. Conforme os médicos me explicaram, o pulmão direito se expandiu e cobriu todo o hemitórax ipsilateral”, disse em uma entrevista concedida ao repórter compatriota Nelson Castro em 2019.
Desde o início de 2023, no entanto, o religioso enfrentou diversos episódios de gripes e complicações respiratórias.
No final daquele ano, o papa precisou cancelar uma viagem à COP28, em Dubai, devido a uma inflamação pulmonar agravada por uma infecção gripal. Em setembro do ano passado, ele suspendeu suas consultas devido ao que o Vaticano descreveu como sintomas de “gripe leve”.
Retirada da vesícula biliar
Em 1980, quando era apenas um jesuíta, o religioso passou por um procedimento de emergência para remover a vesícula biliar devido a uma grave infecção. A operação foi realizada na Clínica San Camilo, em Buenos Aires, pelo cirurgião Juan Carlos Parodi. A condição, se não tratada rapidamente, poderia ter sido fatal.
Anos depois, já como papa, Francisco reencontrou Parodi no Vaticano, em 2014, e agradeceu pessoalmente ao médico, reconhecendo que a cirurgia salvou sua vida.
Cirurgia de cólon e hérnia abdominal
Em julho de 2021, Francisco passou por uma cirurgia para remover 33 centímetros do cólon devido a um quadro de diverticulite, uma dolorosa inflamação no sistema digestório que voltou em 2023. Depois do procedimento, o papa passou nove dias internado em um hospital em Roma.
Dois anos depois, em 2023, ele foi operado novamente, desta vez devido a uma hérnia abdominal que causava obstruções intestinais fulminantes.
Dores nas costas e joelho
Papa Francisco sofre há anos com a ciática, uma condição crônica que causa dores na região lombar, quadril e pernas. Em dezembro de 2020, uma crise o impediu de presidir as celebrações de Ano Novo, marcando a primeira vez que problemas de saúde o afastaram de grandes eventos religiosos.
Além disso, o pontífice desenvolveu uma dor intensa no joelho, mas decidiu não operar devido aos efeitos adversos da anestesia que enfrentou após sua cirurgia no cólon em 2021. Em vez disso, optou por tratamentos como terapia magnética e a laser.
As dificuldades de deslocamento também o forçaram a cancelar viagens ao Líbano, República Democrática do Congo e Sudão do Sul em 2022, embora tenha conseguido visitar os dois países africanos no ano seguinte. Atualmente, o papa utiliza uma cadeira de rodas ou bengala para se locomover.
Recentemente, também sofreu duas quedas: uma em dezembro do ano passado, que o deixou com um hematoma feio no queixo, e outra em janeiro, que machucou seu braço.
Saúde mental
Em 2021, Francisco revelou que, na juventude, buscou atendimento psiquiátrico para lidar com a ansiedade durante a ditadura militar argentina. Ele contou que desenvolveu estratégias para controlar a ansiedade, incluindo ouvir músicas do compositor alemão Johann Sebastian Bach.