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Inundações na Austrália atingem 2.000 casas e levam crocodilos às ruas

Alagamento foi causado pela abertura das comportas de represa ao norte de Queensland

Por Da Redação
4 fev 2019, 14h44

Depois de oito dias de fortes chuvas, as autoridades do norte de Queensland, na Austrália, tiveram de abrir as comportas da sobrecarregada represa do Rio Ross, ilhando cerca de 2.000 casas. O governo do estado emitiu um alerta para que os moradores da região tomem cuidado com crocodilos, cobras e outros animais silvestres que, segundo relatos, deixaram o rio rumo a áreas do subúrbio.

Em Ingham, bairro de Townsville, cidade mais afetada pelo transbordamento, foram registrados 419 milímetros de chuva apenas no domingo 3. A média esperada para o ano inteiro é de 1127,9 milímetros. Nesta segunda-feira, 4, as operações de resgate, organizadas pelo Serviço de Emergência do Estado e por donos de botes da região, continuavam a ajudar os residentes que moram em áreas mais baixas da região.

A represa do Rio Ross estava com 247% de sua capacidade na noite de ontem, o que motivou a decisão de liberar sua água de maneira controlada, em uma tentativa de evitar um colapso catastrófico.

Com as eclusas totalmente abertas, a represa desaguou cerca de 1.900 m³ de água por segundo, o que estabilizou seu funcionamento mas atingiu diversas áreas de Townsville, que já sofria com as chuvas torrenciais. No bairro de Idalia, uma rua inundada se transformou em um canal temporário para que os residentes usem seus barcos de pesca e ajudem vizinhos a fugir de casas alagadas.

Cerca de 1.000 pessoas passaram a noite de domingo em abrigos e serviços de emergência resgataram outras 18, que estavam sendo levadas pela correnteza provocada pelo grande fluxo das águas. Escolas estão fechadas e os alunos foram orientados a ficar em casa até terça-feira 5. A principal estrada de Townsville tem pontos alagados, e o estoque de comida nos supermercados sofreu um redução brusca. O medo de um racionamento crítico foi aliviado pela reabertura do aeroporto da cidade, que possibilitou a entrada de suprimentos.

Os moradores da região também foram avisados sobre a economia de água, já que o alagamento causou o rompimento de algumas caixas da estação de tratamento local. A governadora de Queensland, Annastacia Palaszczuk, disse que “nunca viu” uma inundação como a de agora, e afirmou que as comportas foram abertas para que “a água tivesse algum lugar pra onde ir.”

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“Sabemos que chuvas fortes ainda são esperadas para a região, não há expectativa de que as monções se moverão daqui logo”, completou Palaszczuk, se referindo ao fenômeno climático que atinge Queensland. Algumas partes do estado acumularam mais chuva em uma semana do que o esperado para todo 2019.

A ministra do meio ambiente de Queensland, Leeanne Enoch, reiterou os riscos de crocodilos invadirem a área urbana, à espera da redução na velocidade da água. “Crocodilos preferem águas tranquilas, então eles irão se movimentar em busca de um lugar quieto para esperar pela baixa do nível d’água. Eles podem ser vistos cruzando estradas e, quando a inundação regredir, podem aparecer em lugares pouco usuais, como açudes de fazendas e poços onde nunca foram vistos”, explicou Enoch, ao jornal The Guardian.

Inundações em Townsville, na Austrália
A foto de Erin Hahn mostra um crocodilo na entrada de uma casa durante as enchentes em Townsville, na Austrália – 03/02/2019 (Erin Hahn/AFP)

O coordenador para desastres do país, Bob Gee, também recomendou que as pessoas não dirijam, a não ser que se faça necessário. “Nós ainda estamos na fase de resposta, e é muito importante que não tenhamos uma impressão falsa de segurança, as pessoas precisam permanecer longe das áreas de risco.”

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Já o professor Jamie Pittock, da Escola Fenner de Meio Ambiente e Socidade, parte da Universidade Nacional Australiana, destaca que a necessidade de reduzir o nível da represa demonstra os limites da estrutura como uma forma de evitar enchentes. “Represas não podem controlar os fluxos maiores, e a frequência dessas ocorrências deve piorar com as mudanças climáticas.”

 

(com Reuters) 

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