Investigação descobre detalhes sobre brasileiro que recrutava para o Estado Islâmico
Thiago José Silva Barboza de Paula, de 44 anos, foi preso sob a lei de terrorismo na semana passada, em São Paulo

Uma investigação divulgada pelo portal argentino Infobae nesta quinta-feira, 19, mostrou que Thiago José Silva Barboza de Paula, preso na semana passada sob suspeita de recrutar brasileiros para o Estado Islâmico (EI), participava de um grupo radical on-line, chamado “Comando 860″, que compartilhava manuais de guerrilha e de fabricação de explosivos. Detido em São Paulo, o homem de 44 anos era administrador do grupo, ajudando a disseminar arquivos e links de propaganda da organização terrorista.
Embora Barboza seja o administrador, o grupo era liderado pelo usuário “Salafi860”, mostrou a investigação do centro de análise Atlantic Intelligence Group, publicada por Infobae. Ele chega a mostrar uma pistola Heckler & Koch Mark 23 com silenciador na sua última postagem, em 11 de setembro — por coincidência ou não, data que marca o ataque às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, pela Al-Qaeda, grupo que hoje é inimigo do EI.
As conversas obtidas mostram que o juramento de lealdade ao EI também foi publicado em 11 de setembro. No chat, participantes pediram a tradução dos materiais em inglês ou urdu, idioma oficial do Paquistão. Um deles, que reside na França, afirmou que gostaria de realizar um ataque virtual a um suposto chat da Al Qaeda, definida como “nossos inimigos”.
A troca de mensagens, que supostamente inclui mais brasileiros, mostra o compartilhamento de revistas do Estado Islâmico, como Dabiq e Rumiyah, e de arquivos nomeados “Matar os insolentes é direito de qualquer muçulmano” e “Boas notícias para quem realiza operações de martírio”. Há também circulação de “Documentos Militares Brasileiros”, “Guia de Mujahidin para Sobreviver e Esconder-se” e “Ciclo de Ginástica da Indústria do Terrorismo”.
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Prisão de Barboza
O brasileiro defendia a criação estabelecimento de um Califado na América Latina. Ele já havia sido impedido de entrar no Paraguai em 2022. Na ocasião, Barboza tentava cruzar a Ponte da Amizade, portando um facão com inscrições em árabe de uma passagem do Alcorão. A prisão, agora no Brasil, foi realizada no âmbito da operação Machete.
Na semana passada, o suspeito foi detido sob a lei antiterrorismo, que enquadra “promover, estabelecer, integrar ou prestar assistência, pessoalmente ou através de um intermediário, a uma organização terrorista” e “realizar atos preparatórios de terrorismo com o objetivo inequívoco de cometer esse crime”. Caso condenado, Barboza pode ser condenado a uma pena de cinco a oito anos de prisão e multa.
“O objetivo foi obter elementos de prova da participação desse brasileiro na administração de uma plataforma online de radicalização e recrutamento em prol da organização terrorista Estado Islâmico”, disse a Polícia Federal (PF) em nota. “O espaço online era voltado ao público brasileiro e vinha sendo empregado com a finalidade recrutar brasileiros, promover organizações terroristas e compartilhar material de doutrinação extremista, manuais de guerrilha, produção e emprego de dispositivos explosivos improvisados”.