Investigação sobre envio de cartas-bomba se volta para a Flórida
Pacotes com explosivos enviados a democratas e a críticos de Trump provavelmente saíram de uma mesma agência postal no estado
A investigação sobre os dez explosivos enviados a proeminentes políticos do Partido Democrata e a outras figuras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está agora focada em pistas no Estado da Flórida.
Segundo a imprensa americana, todos os pacotes suspeitos passaram pelo Sistema Postal dos Estados Unidos em algum momento e provavelmente saíram da sede dos correios de Opa-Locka, no sul da Flórida.
Muitos dos envelopes tinham como endereço de devolução o escritório na Flórida da deputada Debbie Wasserman Schultz, que já liderou o Comitê Nacional Democrata, de acordo com o FBI. O gabinete fica na cidade de Sunrise, a 30 quilômetros de Opa-Locka.
Desde a segunda-feira, dez pacotes-bomba foram enviados. Entre os destinatários estavam o ex-presidente Barack Obama, o ex-vice-presidente Joe Biden, a ex-candidata à Presidência Hillary Clinton, a deputada pela Califórnia Maxine Waters, o ex-diretor da CIA John Brennan, o ex-secretário de Justiça Eric Holder, o bilionário George Soros e o ator Robert De Niro.
O envelope de Brennan foi endereçado à sede da emissora CNN em Nova York, enquanto o de Holder chegou no gabinete de Wasserman Schultz, já que seu nome constava no envelope como remetente.
Em comunicado, o FBI informou que os pacotes tinham as mesmas caraterísticas: todos foram enviados em envelopes com plástico bolha e, no lado externo, havia rótulos impressos com os endereços.
O fato de todos os destinatários serem membros do Partido Democrata ou pessoas contrárias ao presidente Donald Trump indicam uma possível motivação política, mas nada foi revelado sobre a autoria por enquanto.
Esses episódios ocorrem apenas duas semanas antes da realização das eleições legislativas de meio de mandato no país, no dia 6 de novembro.
Os explosivos
Segundo relatos e divulgação de fotografias, os pacotes traziam pequenas bombas caseiras, mas potencialmente letais: um tubo metálico cheio de material explosivo e estilhaços, hermeticamente selado nas extremidades, que seria detonado por um fusível colocado através de uma agulha.
Um dos principais objetivos da investigação é determinar se os dispositivos foram projetados com a intenção de explodir ou se simplesmente foram enviados para semear o medo.
Segundo uma fonte da área de segurança dos Estados Unidos, quem fabricou as bombas provavelmente buscou as instruções em sites na internet. Diretrizes para a montagem de tais explosivos estão amplamente disponíveis em sites e em propaganda distribuída por grupos terroristas islâmicos, incluindo a Al Qaeda e o Estado Islâmico.
Motivação política
As bombas exaltaram o que já era uma campanha controversa antes das eleições parlamentares do próximo 6 de novembro, na qual os republicanos de Trump tentarão manter as maiorias no Senado e na Câmara dos Deputados. O episódio também chamou atenção para a retórica dura que o presidente americano emprega contra seus adversários.
O republicano condenou as bombas e, inicialmente, pediu “uniâo”. Depois, porém, culpou a imprensa, seu alvo mais frequente, pelo tom raivoso que paira sobre os Estados Unidos atualmente.
Líderes democratas disseram as tentativas de ataque eram um sinal perigoso da atmosfera política antagônica criada pelo presidente. Várias das pessoas que receberam bombas – incluindo o ex-presidente Barack Obama e a adversária de Trump nas últimas eleições, Hillary Clinton – são alvos frequentes dos críticos de direita.
Vários políticos, incluindo o líder da maioria no Senado Mitch McConnell e o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, descreveram os pacotes de bombas como atos de terrorismo.
“Alguém está tentando intimidar. Alguém está tentando calar as vozes deste país usando violência”, disse De Blasio. “Eu estou confiante que iremos encontrar o responsável ou os responsáveis.”
Alguns grandes veículos de imprensa em Nova York, incluindo o New York Times, aumentaram sua segurança na quinta-feira.
(Com Reuters e EFE)