O governo do Irã anunciou nesta segunda-feira, 20, ter quadruplicado sua produção de urânio enriquecido, depois de suspender alguns compromissos firmados no acordo nuclear internacional. Teerã também advertiu os Estados Unidos a parar com suas ameaças e agressões aos iranianos com “insultos genocidas”.
“Os iranianos se mantiveram de pé por milênios enquanto todos os seus agressores viraram as costas. O terrorismo econômico e as provocações genocidas não acabarão com o Irã”, escreveu Mohammad Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores do país, no Twitter. “Nunca ameace um iraniano. Tente o respeito – funciona!”
O ministro também usou a hashtag #NuncaAmeaceumIraniano, em inglês.
As declarações foram uma resposta às ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no domingo 19. O republicano afirmou que o Irã será destruído caso queira um confronto contra seu país.
As tensões entre Washington e Teerã cresceram a ponto de os Estados Unidos enviar um porta-aviões, um navio de guerra, aviões bombardeiros B-52 e uma bateria de mísseis Patriot para a região para enfrentar as supostas ameaças iranianas e, sobretudo, intimidar Teerã.
No início de maio, Teerã anunciou que deixaria de aplicar dois de seus compromissos do acordo assinado em 2015 com Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha, em resposta à decisão unilateral de Washington de abandonar esse pacto em 2017 e restabelecer sanções econômicas contra o Irã.
O governo iraniano ameaçou ainda renunciar a outros compromissos, caso os demais signatários do acordo não encontrem uma solução no prazo de 60 dias para aliviar os efeitos das sanções americanas. Em particular, nos setores petroleiro e bancário.
Nesta segunda, o Irã confirmou suas intenções e anunciou a multiplicação por quatro do volume de urânio enriquecido. A informação foi divulgada pela agência de notícias oficial do país, a Tasnim.
Sob o acordo, Teerã está autorizado a estocar até 300 quilos de urânio enriquecido e água pesada produzida nesse processo, exportando qualquer excedente. O governo iraniano afirmou, entretanto, que o teto não se aplica mais, já que as exportações foram muito prejudicadas pelas sanções americanas.
O pacto também estabelece que o país está autorizado a enriquecer urânio em até 3,67% – uma taxa suficiente para a geração de energia nuclear para uso civil, mas bem abaixo dos 90% usado para a fabricação de armas. Antes do acordo, o Irã enriquecia urânio a 20%.
Segundo o porta-voz da agência nuclear iraniana, Behrouz Kamalvandi, apesar do aumento da produção, o país continua respeitando o limite de enriquecimento a 3,67% estabelecido pelo acordo e não ampliou o número de centrífugas em uso.